“Meu filho é a prova de que a cannabis terapêutica salva vidas”, diz fundadora de associação que dá acesso ao medicamento

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Foi após ver a vida do filho mudar completamente que Marilene Esperança Oliveira resolveu fundar a Associação Brasileira de Acesso à Cannabis Medicinal do Rio de Janeiro (AbraRio), com a ajuda de familiares e amigos. Diagnosticado aos 5 anos com a Síndrome de Rasmussen, uma doença neurológica rara, progressiva, caracterizada por ataques epiléticos frequentes e severos, Lucas só teve suas convulsões controladas quando deu início ao tratamento com cannabis.

“O Lucas tinha em torno de 50 crises convulsivas ao dia e fazia uso de 5 anticonvulsivantes diferentes. Ele vivia apático, sem equilíbrio, babava, usava fraldas e tinha com frequência quadros de infecções. Hoje,  com o tratamento, o Lucas está com as crises controladas, fez o desmame de todas as medicações, anda, fala e dança. Hoje o Lucas vive”, conta a mãe emocionada.

Lucas tem uma síndrome rara e o tratamento à base de cannabis terapêutica auxilia na melhora – Foto: Arquivo Pessoal

Desde julho de 2021, Marilene tem permissão individual para plantar e fazer o óleo para o filho Lucas, mas seu desejo sempre foi poder ajudar mais famílias. Diante disso, ela ingressou com uma ação individual em favor da AbraRio e seus associados para que seja possível cultivar a cannabis e fazer o extrato do medicamento para o tratamento dos pacientes. 

“O meu filho é a prova de que a cannabis terapêutica salva vidas e não vou medir esforços para levar este tratamento para cada vez mais pessoas. Os advogados, médicos, farmacêuticos e biólogos já estão mobilizados trabalhando na nossa produção. Um projeto previamente desenhado tem como meta chegar a 2 mil plantas durante o transcorrer do tempo e das autorizações judiciais e administrativas”, explica. 

A presidente enfatiza que a equipe que conta atualmente com 23 funcionários ainda tem muito trabalho e barreiras a serem conquistadas pela frente. Um dos desafios é tirar do papel o projeto de lei que dispõe sobre o uso da cannabis para fins medicinais e distribuição gratuita na rede privada e conveniada ao SUS de Niterói.

“Em 2021 o vereador Leandro Portugal criou um projeto de lei batizado em homenagem ao meu filho de Lei Lucas Esperança. O PL foi aprovado em primeira discussão de forma unânime, mas infelizmente vetado pelo prefeito. Esse ano tentaremos novamente esse diálogo com o poder público para que milhares de pessoas da nossa cidade possam ter acesso a esse medicamento”.  

O outro desafio para o ano é a retomada da liminar aprovada pela 3ª Vara Federal de Niterói que garantia a AbraRio o direito de cultivar, produzir, importar e pesquisar produtos derivados da cannabis para fins medicinais.

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“Em dezembro fomos surpreendidos com a derrubada da nossa liminar pelos Desembargadores Federais do TRF-2. Já recorremos, estamos fazendo todas as adequações necessárias e acreditamos que logo retomaremos nossa autorização”, conclui.

A Associação

Fundada por Marilene Oliveira, desde 2020 a AbraRio auxilia pessoas que desejam dar início ao tratamento com cannabis, mas não sabem por onde começar. Na sede da ONG, que fica no Centro de Niterói (RJ), as famílias encontram apoio psicológico, jurídico e social.

Uma equipe multidisciplinar capacitada ajuda as pessoas que chegam, seja por meio de informação ou acesso direto ao tratamento. A fundadora e presidente Marilene Esperança relata que a missão da associação é democratizar o acesso à cannabis no país.

“Tem muita gente doente desacreditada e que não sabe mais o que recorrer para aliviar as dores. Nosso objetivo é que mais pessoas possam conhecer os benefícios dessa planta e consequentemente ter uma qualidade de vida melhor”, relata.

Igor Rocha

Igor Rocha

Igor Rocha é jornalista, nascido e criado no Cantinho do Céu, com ampla experiência em assessoria de comunicação, produtor de conteúdo e social media.

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