A confiança dos brasileiros nas instituições revela um padrão consolidado: igrejas, polícias e Forças Armadas continuam sendo as mais bem avaliadas, à frente de entes como o Congresso, o STF e os partidos políticos. É o que aponta uma nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta segunda-feira (8).
A pesquisa apresenta um ranking com 13 instituições, da mais à menos confiável, revelando um cenário de desgaste institucional e preferência por estruturas associadas à ordem e à espiritualidade. Segundo o levantamento, 73% dos brasileiros confiam na igreja católica e 65% nas igrejas evangélicas. Entre as instituições de segurança, a Polícia Militar aparece com 71% de confiança, seguida das Forças Armadas, com 70%.
Em contrapartida, o índice cai quando se trata das estruturas centrais do Estado: apenas 45% confiam no Congresso Nacional e 50% no Supremo Tribunal Federal (STF). O Governo Federal e os Partidos Políticos figuram entre as instituições de menor credibilidade. Pesquisas do Instituto Atlas/Bloomberg confirmam esse cenário: a confiança nas Forças Armadas despencou para 30%, enquanto a Polícia Civil lidera, com 60%. O Congresso Nacional continua sendo a instituição com menor credibilidade, com 12% de confiança.

As pesquisas expõem uma realidade urgente: comunidades negras frequentemente recorrem às instituições de proteção imediata (igrejas e segurança local) diante da fragmentação da confiança nas estruturas estatais. Enquanto a fé comunitária, e a presença intrínseca das polícias locais, oferecem algum resguardo simbólico e real, o Estado Legislativo e Judiciário aparecem como instâncias distantes, abstratas e frequentemente percebidas como hostis ou indiferentes.
Esse panorama reforça a necessidade de fortalecer políticas públicas que tragam equidades negras para as instâncias de decisão, além de reconstruir pontes com o poder oficial. Outra questão apontada é onde a política seja verdadeiramente próxima, e onde a justiça de fato se estenda às periferias e aos territórios historicamente invisibilizados.
A confiança depositada em instituições de fé e forças de segurança representa, para muitos brasileiros, sobretudo em comunidades negras, a garantia de acolhimento e proteção. Já os Três Poderes, símbolo do Estado formal, enfrentam um desafio de legitimidade que só será superado com protagonismo, representação de base e práticas democráticas de efetiva inclusão.
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