Banco do Brasil tem 15 dias para pedir desculpas à sociedade por participação na escravidão

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Edifício sede do Banco do Brasil, em Brasília.

O Banco do Brasil (BB) terá 15 dias para emitir um comunicado oficial reconhecendo participação em eventos relacionados a escravidão. A decisão foi tomada em reunião entre procuradores do Ministério Público Federal e advogados do banco, na última sexta-feira (27). O inquérito civil público deriva de um documento de pesquisa de historiadores, que examinam a participação de empresas brasileiras no processo de escravidão.

No mês passado, o historiador Clemente Penna, um dos envolvidos no trabalho, explicou um dos objetivos do inquérito, em um podcast do G1. “A gente espera que essa ação, que essas pesquisas, que a utilização dessas pesquisas para embasar a ação, elas sirvam, de fato, para fomentar esse debate e que não silencie essa história mais“.

A ação contra o banco foi movida por historiadores, que pesquisam o tema da escravidão e a participação de empresas nesse processo /Foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil

Antes da reunião com o MPF, o banco se pronunciou em nota afirmando que considera que os debates sobre a escravidão, para serem efetivos e ganharem a dimensão merecida, devem envolver toda a sociedade brasileira atual. Devendo as instituições do presente, compartilharem iniciativas que contribuam para a construção de um país com cada vez mais justiça social.

A análise dos historiadores debate que a criação do banco em 12 de outubro de 1808, surge como medida para enfrentar a escassez de crédito e moeda no Império, e que os recursos oriundos da arrecadação de impostos sobre embarcações dedicadas ao tráfico de escravizados, foi utilizada para a construção do banco, assim como entre fundadores e acionistas do BB no período foram traficantes de escravizados.

Para o procurador da República Júlio José Araújo Junior, “a reunião foi histórica, pois representou a oportunidade de os ministérios, o MPF, os pesquisadores e a sociedade civil juntarem esforços para enfrentar esse tema”. Mas ele lamenta que a presidente do Banco não tenha comparecido e os presentes na reunião não tenha assumido “qualquer compromisso concreto”.

Segue trecho da nota do Banco do Brasil

“A escravização por centenas de anos causou danos irreversíveis às pessoas escravizadas e aos seus descendentes e o Banco do Brasil lamenta profundamente esse infeliz capítulo da história da humanidade e do nosso país no século retrasado. É um momento da história do país que deve ser lembrado e discutido, com um processo de reflexão permanente de toda a sociedade sobre o tema.

Diante disso, o BB é ativo em nossa sociedade sobre diversidade e, junto ao Ministério Público Federal, reconhece o direito à verdade, como ferramenta de compreensão da história, inclusive com o objetivo de prevenir a repetição de práticas e condutas reprováveis a partir da perspectiva atual, a exemplo das relacionadas à escravidão.”

Leia a nota completa clicando aqui.

Leia mais: Ministério Público abre inquérito inédito sobre papel do Banco do Brasil na escravidão

Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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