Baianas e baianos de acarajé são reconhecidos e certificados para atuarem de maneira legal na cidade do Rio

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Ao conversar com uma ex-aluna do curso Pretonomia em 2023, a baiana de tabuleiro Beatriz Ignez do Dendê Raiz, compreendi quão dolorido e dificultoso era ser baiana de acarajé no Rio de Janeiro visto que ela não poderia montar seu tabuleiro nos pontos turísticos da cidade maravilhosa – curiosamente, a capital do estado que reconheceu o acarajé como patrimônio histórico cultural. Mas que bom que caminhamos em passos largos para que a cultura do povo preto seja cada vez mais valorizada. Afinal, reconhecer 25 baianas e baianos do acarajé, autorizar e facilitar seus ofícios é sinal de que nossa ancestralidade ou nosso barulho está sendo cada vez mais percebida pelos formadores e executores de políticas públicas.

Beatriz Ignez, do Dendê Raiz, no Festival Gastronomia Preta 2023 /Foto: Festival Gastronomia Preta

Os vendedores de acarajé no Rio receberam a TUAP – Isenção de Taxa de Uso de Área Pública, permitindo que os mesmos possam exercer o seu ofício amparados pela lei. Em 2022, a Prefeitura do Rio instituiu o programa “Baianas do Rio de Janeiro”, via decreto, assinado pelo prefeito Eduardo Paes, com o objetivo de promover o comércio ambulante exercido pelas baianas e pelos baianos de acarajé como uma atividade representativa do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, atendendo a uma série de regras para preservar este negócio tradicional e desburocratizar as licenças de trabalho.

Baiana do Acarajé no evento de certificação /Foto: Secretaria de Cultura do Rio

Um dos objetivos desta ação é reconhecer o ofício das Baianas do Acarajé e não deixá-lo ser descaracterizado e perder espaço dentro da diversidade cultural brasileira. No exercício da atividade, a Baiana de Acarajé deverá portar a documentação prevista na legislação, em especial a Autorização de Uso de Área Pública e o cartão de identificação do Comércio Ambulante, este emitido pela Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização (CLF), da Seop. Espero que com essa certificação o trabalho diário de pelo menos 25 baianas e baianos seja mais digno e que seu ofício passe a ser olhado e respeitado como importante artefato da cultura e da Gastronomia.

Leia também: Sede das Baianas de Acarajé em Salvador (BA) é assaltada pela quarta vez este ano

Preto Gourmet

Preto Gourmet

Empreendedor Social, criador do Prêmio Gastronomia Preta, criador do conceito Economia Pretagonista, professor de Administração no curso de Gastronomia na UFRJ, doutor em Administração (Eaesp-FGV), autor de 11 livros, pesquisador (com dezenas de artigos científicos) e homem preto que cria rupturas numa gastronomia eurocentrada. É jurado do Edital Entra na Roda da cantora Iza e curador do Camarote Folia Tropical (2023) em Gastronomia e Inclusão Social.

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