Pesquisa revela que trabalhadores autônomos preferem voltar à CLT

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Uma pesquisa nacional divulgada nesta semana desmonta o discurso de que o trabalho autônomo e o “empreendedorismo” são escolhas livres e desejadas. O estudo “O Trabalho no Brasil”, realizado pelo instituto Vox Populi a pedido da CUT e de outras centrais sindicais, revela que a maior parte dos trabalhadores que hoje atuam por conta própria preferiria estar empregada com carteira assinada.

Entre os autônomos do setor privado que já tiveram vínculo formal, 56% afirmam que voltariam à CLT sem hesitar. A razão é simples: busca por estabilidade, direitos e segurança financeira, itens inexistentes na informalidade.

A pesquisa, que ouviu 3.850 pessoas entre maio e junho de 2025, evidencia um quadro de “empreendedorismo por necessidade”, ou seja, pessoas que abriram pequenos negócios não por vocação ou desejo, mas por falta de oportunidade no mercado formal.

Os relatos apontam salários baixos, jornadas exaustivas e exigências desmedidas como fatores que expulsaram trabalhadores do emprego formal. Para sobreviver, muitos se tornaram ambulantes, cozinheiras de marmita, cabeleireiras, prestadores de serviços domésticos, pedreiros e pequenos comerciantes, profissões marcadas por vulnerabilidade e ausência de garantia de renda.

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Apesar disso, o trabalho ainda aparece como um valor central para a população brasileira:

  • 70% dizem que trabalhar é parte essencial da vida.
  • 90% veem o trabalho como fonte de aprendizado e identidade.

Mas a rotina tem custo. 55% relatam ansiedade ligada ao trabalho; 56,5% afirmam que o mercado oferece poucas oportunidades.

Entre os principais motivos para querer retornar à CLT, destacam-se:

  • Estabilidade de renda (64,7%)
  • Benefícios trabalhistas, como férias e 13º
  • Proteção previdenciária

A pesquisa também identifica que a retórica do “seja seu próprio chefe” serviu, muitas vezes, para naturalizar a retirada de direitos. Entre os entrevistados, apenas uma parcela reduzida se identifica como “empreendedora”, a maioria se vê como trabalhadora sem opção.

Para a CUT, os dados deixam claro que a informalidade não representa liberdade, mas sim necessidade diante da precarização. O sonho ainda é o mesmo: um trabalho digno, estável e com direitos garantidos.

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