A Polícia Federal (PF), divulgou na noite do último domingo (23), diversos áudios que compõem o inquérito de investigação do suposto plano golpista administrado pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e seus aliados. Em um dos áudios encontrados, é revelado a participação de Bolsonaro na minuta do golpe.
“Ele entende as consequência do que pode acontecer. Hoje ele mexeu naquele decreto, ele reduziu bastante, fez algo mais direto, objetivo e curto. E limitado, né?“, diz Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), confirmando que o ex-presidente chegou a editar uma minuta do golpe.

Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR), acusado de cometer os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Outro áudio já revela o recuo de Bolsonaro em assinar o decreto de Golpe, por medo de ser preso. A conversa foi entre os coronéis Fabrício Moreira de Bastos, que atuava no Centro de Inteligência do Exército e Bernardo Romão Corrêa Netto, assistente do Comandante Militar do Sul, no dia 21 de dezembro de 2022. Na troca de mensagens, Corrêa Netto afirma que teve uma conversa com Mauro Cid, que teria informado que o ex-presidente teria recuado na assinatura da minuta golpista por falta de apoio das Forças Armadas.
Veja o diálogo:
Coronel Bastos: “Vento mudando na guarnição…”
Coronel Corrêa Netto (em áudio): “O que que está rolando aí, velho? Eu falei com o Cid hoje… Cid falou: ‘Pô, pode esquecer que não vai rolar nada, não’. Ele falou: ‘Ó, cara, pode esquecer, não deve… O decreto não vai sair. Presidente não vai fazer. Só faria se tivesse o apoio das Forças Armadas, porque ele está com medo de ser preso. Se acontecer alguma coisa vai ser preso e o caramba e tal. Não vai soltar nada, não’. Falei com ele agora de manhã. O quê que está acontecendo de novidade por aí?”
Coronel Bastos: “Bem, a novidade é que hoje o GFG [general Freire Gomes] iria para Goiânia para sua despedida, mas cancelou o evento e houve uma reunião com todos os 4 estrelas…”
Os três militares fazem parte dos 34 nomes denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada. Eles são acusados de planejar e executar decisões de Golpe de Estado para impedir o funcionamento dos Poderes da República.
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