Em carta ao ‘The Player’s Tribune’, atacante Paulino lembrou seu percurso até Seleção, criticou o governo do presidente Jair Bolsonaro e falou sobre busca por um título na Olimpíada.
Em seguida, o jogador da seleção Olímpica de futebol desabafou em suas redes sociais sobre as desigualdades no Brasil e disse que o bicampeonato olímpico pode ser um alento para um país que lida com a pandemia de Covid-19.
“Rezo todos os dias para que Exu ilumine o Brasil e os nossos caminhos. Que os orixás nos deem forças pra buscar essa medalha de ouro. O brilho dela seria um alento para o povo brasileiro após tantos meses de caos no país”, disse.
O jogador não poupou as críticas ao atual governo: “Se sou crítico do atual governo, é porque eu confio na ciência. Todo mundo enxerga o que se passa durante esse um ano e meio de pandemia, todo o descaso com a saúde. Mesmo vivendo em outro continente, tenho pessoas queridas que moram no Brasil. Elas precisam de segurança, de amparo, de vacinas. Depois que me mudei para a Alemanha, eu descobri que o nosso país ainda pode melhorar em inúmeros aspectos.”
O atacante do Bayer, que é o único atleta da seleção brasileira de futebol masculino declaradamente praticante do candomblé, recordou suas passagens no Madureira e no Mello Tênis Clube até se concentrar em definitivo no Vasco. Ele também recordou-se dos dois gols que marcou no 2 a 1 sobre o Atlético-MG, no Independência, em partida na qual saiu do banco para se tornar herói da equipe na partida.
“Minha família tem ligação forte com o candomblé e a umbanda. Minha avó, minha mãe, minha tia… É algo que passa de geração para geração. Tenho muito orgulho da minha religião”.
O candomblé para Paulinho é mais que uma religião. Ele prefere chamar de filosofia de vida. “Uma coisa bem pessoal, que toca o meu coração. Sou eu comigo mesmo, entende? Cultuar essa filosofia me traz muita energia boa, muito axé. Como assentado e praticante, vou ao meu pai de santo sempre que estou no Brasil e peço proteção aos orixás, principalmente ao meu Pai Oxóssi e à minha Mãe Iemanjá“, afirmou.
O atacante também frisou seu desabafo para lutar contra a discriminação.
“Hoje, milhares de pessoas me seguem nas redes sociais. Algumas delas me têm como exemplo. Enfim, sou uma pessoa que tem voz. Justamente por isso, quero que essa corrente de luta contra a discriminação siga se alongando. Não interessa a crença. Cada um pode manifestar sua fé do jeito que bem entender“.
Além disto, falou sobre a relevância do esporte para fortalecer a população.
“O esporte me ensinou que, se a gente se unir, nos fortalecemos. Sei da responsabilidade que é representar uma nação gigante. Me sinto muito honrado, desde que cheguei na seleção de base, aos 14 anos. Eu passei por todas as categorias, sei do que estou falando. Posso me considerar um veterano com a amarelinha”.
Aos seus olhos, disputar os Jogos Olímpicos é um privilégio.
“Olho para o escudo e vejo cinco estrelas. São cinco Copas do Mundo. É uma camisa pesada. Quem nunca experimentou o sentimento de vesti-la, jamais poderá imaginar o que significa disputar uma Olimpíada”.
Que legal, muito Asé prá ele!