Em entrevista ao Noticia Preta durante o evento “Funarte Retomada” nesta segunda-feira (10), artistas negros comentaram sobre o lançamento de fomento a cultura. A atriz Elisa Lucinda, a cantora Teresa Cristina, a rainha de bateria da Mangueira Evelyn Bastos e o ator Hilton Cobra marcaram presença no evento que aconteceu na sala Sidney Miller, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro.
Os membros da classe artística falaram sobre as novidades dos fomentos da cultura lançados pelo Ministério da Cultura e pela Funarte, em tom de aprovação. Os artistas também enfatizaram a importância da arte para a sociedade, e a partir dos anúncios feitos, também para as pessoas negras.
Elisa Lucinda foi perguntada sobre as cotas nos programas de fomento a cultura e como enxerga esse fomento. Em resposta a atriz afirmou que acha a medida muito boa, e relevante diante o cenário do país.
“Eu acho maravilhoso, a gente tem um déficit imenso com a população mais pobre, com a população trabalhadora do Brasil e mais com a população negra que trabalha com arte. Há um impedimento de sonhar com a população negra que machuca muito meu coração“, disse a artista, que continuou:
“Então um menino que nasceu lá na zona oeste e é filho de um pedreiro, mesmo que tenha uma vida digna do ponto de vista do trabalho, da alimentação e da escola, tem um impedimento cultural na cabeça dele. Ele acha que não é pra ele ser artista, e ele tem que saber que é pra ele também. Pra mim essa é a potência da política nacional das artes, todo mundo pode sonhar em ser artista, é um serviço pro desenvolvimento do país, é assim que enxergo esse fomento, um fomento para todos”, concluiu a atriz.
A rainha de bateria da Mangueira, Evelyn Bastos, ressaltou que os artistas estão vivendo um momento muito feliz e de retomada. “É muito mais do que retomada, porque a gente tá falando da nossa base da nossa estrutura e ter pessoas que são os donos do Brasil tendo essa oportunidade é tudo que a gente esperou”.
A cantora Teresa Cristina falou sobre a diferença de gestão do governo anterior e o atual na área da cultura. “O inelegível tinha destruído, fechado o ministério da cultura, e hoje ver esse edital, esse lançamento, nesse prédio aqui, nessa sala onde já fiz muito show aqui, há 25 anos atrás. Fiz quase cerca de 30 shows aqui com Tantinho, Argemiro, Monarco, Seu Jair, Jurandir da Mangueira, Xangô da Mangueira…é muito bom voltar aqui“.
Já o ator Hilton Cobra representando o Fórum Nacional de Performance Negra fez considerações e reivindicações durante sua pergunta e colocou que a população negra representa 53% da população brasileira e é sub-representada nos espaços de cultura e por isso cobrou o aumento de 205 para 40% das vagas nos editais públicos.
Evento marcou lançamento de editais de fomento a cultura através da Lei Aldir Blanc e da Lei Paulo Gustavo. De acordo com a Funarte, os editais reservarão o mínimo de 20% para projetos de pessoas negras, mínimo de 10% para projetos de indígenas e mínimo de 10% para projetos de pessoas com deficiência. Estão previstos investimentos de R$ 52 milhões para iniciativas nas artes visuais, circo, dança, música e teatro.
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