‘Arquivos de Okan’ reúne registros e escritos sobre produções de artistas e grupos negres das artes cênicas

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Deise de Brito, pesquisadora autora da plataforma digital, ressalta que “artistas pretes são arquivos, logo arquivos são pessoas também”

O “Arquivos de Okan”, site desenvolvido pela pesquisadora e artista do corpo Deise de Brito, é uma plataforma que reúne registros acerca de artistas negres das artes cênicas assim como suas produções. Estas, de diferentes regiões, a partir das relações entre corpo, memória, ancestralidade e arquivo. A iniciativa é resultado de uma jornada de experiências, paixões e momentos de autodescoberta da própria idealizadora.

Tudo começou há 15 anos, quando mergulhei no universo dos arquivos e comecei a cultivar a paixão pela pesquisa documental. Essa chama continuou a crescer e se transformar ao longo do tempo, alimentada por uma Deise cada vez mais corajosa em expressar suas emoções por meio da dança, da performance e da construção de narrativas que transcendem as limitações impostas pela sociedade”, diz a pesquisadora.

“Arquivos de Okan” é dividido em 6 diferentes “módulos”. Em “Trajetos Apreciativos”, o propósito é ser um convite para as pessoas se conectarem com experiências, vivências, encontros, performances e obras cênicas a partir de textos produzidos por diferentes pesquisadores e artistas. Na aba, “Escritas de Okan”, a ideia é compartilhar produções escritas que jogam entre ficção e detalhes biográficos a respeito de artistas negres e/ou grupos das artes cênicas vives, que mobilizam percepções com seus deslocamentos poéticos.

A pesquisadora Deise de Brito é a autora da plataforma digital /Foto: Mônica Cardim

A sessão “Lugares” apresenta registros audiovisuais, em territórios e regiões diversos, no caminho da perspectiva de que lugares não somente contam histórias, mas também (re)criam memórias. Em “Estradas”, há links com trabalhos (artigos, dissertação, ensaios etc.) da autora do projeto (Deise de Brito). Nesta parte, estão inclusas abordagens a respeito de pessoas negras das artes cênicas, já falecidas, como Grande Otelo (1915-1993) e Josephine Baker (1906-1975) que nutrem os caminhos das gerações contemporâneas e que alimentaram e ajudam a amadurecer continuamente a ideia do “Arquivos de Okan”.

O “Núcleo Vênus Negra”, grupo fundado em 2014, é integrado ao Arquivos de Okan com o objetivo de criar e compartilhar projetos artísticos próprios, além de se disponibilizar para parcerias que desejem formações, mentorias, consultorias, provocações artísticas, palestras e afins no campo das relações entre corpo, ancestralidade, memória e arquivo. No tópico “Leitores”, você pode deixar seu relato a respeito de como recebeu os registros, leituras ou como foi sentida a sua visita ao site. Nele é possível identificar as mensagens-depoimentos de outres visitantes.

“O Arquivos de Okan é mais do que um projeto, é uma jornada de afeto e celebração acerca das pessoas artistas negras nas artes cênicas. É um espaço de encruza para reconhecer e honrar profissionais que têm desejos, intenções, caminhadas e narrativas diversas. E esta jornada está apenas começando”, conclui a fundadora.

Para saber mais, acesse: https://www.arquivosdeokan.com.br/

SOBRE DEISE DE BRITO

Nordestina, baiana de Salvador, nascida e criada no Engenho Velho de Brotas. Deise Brito é artista de dança e teatro e educadora. Graduada em Teatro pela UFBA. Formada pela Escola de Dança da FUNCEB, Mestre em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da USP e Doutora em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP. Em 2019, recebeu o Prêmio Denilton Gomes na categoria “Olhares para as estéticas negras e de gênero na dança”. Desenvolve pesquisas referentes a artistas negres, a partir de diálogos entre corpo, ancestralidade, memória e arquivo, sendo idealizadora e coordenadora do site “Arquivos de Okan”.

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