A coleta da informação raça/cor é obrigatória no atendimento ao paciente
Apenas 8 das 27 Secretarias Estaduais de Saúde estão divulgando os dados do quesito “raça/cor” das vítimas de Covid-19, segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa. A omissão viola a Portaria nº 344 de 1º de fevereiro de 2017, do Ministério da Saúde, que tornou obrigatória a coleta dessa informação pelos profissionais de saúde ao preencherem formulários de atendimento aos pacientes.
Somente Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia e Rio Grande do Sul cumprem a obrigação. No entanto, até mesmo esses Estados apresentam informações inconsistentes. No Painel Coronavírus do Espírito Santo, por exemplo, dentro do campo “raça/cor” há as seguintes opções de filtro: amarela; branca; ignorado; indígena; parda; preta. O filtro “ignorado” costuma representar 20% do número total de qualquer categoria de evolução da Covid-19 do painel atualizado diariamente, ou seja, os números reais com o recorte racial são ainda maiores.
Entre as justificativas de relevância sobre o preenchimento do campo “raça/cor” no texto da Portaria, estão a melhoria da gestão do SUS, a possibilidade para estudos de perfil epidemiológico e o planejamento de políticas públicas que levem em conta necessidades específicas dos grupos populacionais.
População negra é a mais vulnerável
De acordo com os dados do último boletim epidemiológico, publicado pelo Ministério da Saúde, referente a semana entre os dias 07/06 e 13/06, a população negra continua sendo a mais atingida pela Covid-19.
A pandemia, que começou atingindo a população branca, que ocupa as classes sociais mais altas do Brasil, atualmente impacta mais fortemente a população negra. Dentre os números de óbitos divulgados, 15.709 são de negros – a soma de pretos e pardos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – em comparação a 9.439 de brancos. Representando 61,3% e 36,5% respectivamente dos números com recorte racial.
Cuidados
Cumprir o isolamento social é uma das maneiras de prevenção contra a Covid-19, entretanto, como a população negra também é a mais vulnerável social e economicamente, a necessidade de trabalhar, a superlotação de casas, e a dificuldade de acesso ao serviço de saúde, tornam-se desafios de sobrevivência.