Com quase 100 anos, terreiro de candomblé na Bahia é tombado como Patrimônio Cultural

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O Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didêwee, localizado na cidade de Cachoeira, na Bahia, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na última quinta-feira (29), e tornou-se patrimônio cultural brasileiro.

A inclusão do terreiro, que foi fundado em 1936, no Livro do Tombo Histórico, Etnográfico e Paisagístico, aconteceu durante o segundo dia da 103ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em Brasília, e foi aprovada por unanimidade.

Integrantes do terreiro, juntamente com o Pai Duda de Canola, em frente à sede do Iphan, em Brasília – Foto: Reprodução/Instagram

Igualmente, em 2014 o local também já havia sido tombado como Patrimônio Imaterial da Bahia e inscrito no Livro do Registro Especial de Espaços de Práticas Culturais Coletivas.

A princípio, a casa que por muito tempo foi conhecida como “Terreiro de Mãe Judith”, nomenclatura que faz referência à mãe de santo que a criou, esteve debaixo da gestão de diversos líderes religiosos; porém, atualmente, Pai Duda de Canola é quem administra o espaço.

Candomblé rural

Segundo o Ministério da Cultura, o laudo antropológico que estabeleceu o processo de tombamento do Terreiro Icimimó aponta que um dos aspectos que o fazem um importante patrimônio cultural são as características do candomblé rural que ele possui, por organizar sua prática em dois eixos basilares, ou seja, na terra e em casa.

Do mesmo modo, para quem pratica a religião, o local é envolto de significados sagrados por estar situado em um ambiente que possui paisagem natural, áreas de plantio agrícola, criações de animais, fontes e nascentes, fitoterápicos e horto sagrado.

A importância do tombamento

De acordo com o Iphan, o tombamento é o instrumento de reconhecimento e proteção de um patrimônio cultural e pode ser feito pela administração federal, estadual e municipal.

Sob o mesmo ponto de vista, ele é definido como um conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País, cuja conservação pode ser feita por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil ou por seu valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico.

Segundo o superintendente do Iphan na Bahia, Hermano Queiroz, que também estava presente na reunião, este tombamento representa a vitória contra o preconceito, o elitismo, o racismo e o etnocentrismo.

Já o pai de santo Duda de Canola destacou que esta é uma vitória de todo povo de terreiro do Recôncavo Baiano e da ancestralidade.

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Fernanda Amordivino

Fernanda Amordivino

Estudante de jornalismo na UFRB e integrante do Coletivo Angela Davis - Grupo de Pesquisa Ativista sobre Gênero, Raça e Subalternidades. Possui experiência em radiojornalismo e assessoria de comunicação.

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