Afrolab e Babiy Querino debatem importância de vidas carcerárias em Macaé

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São Paulo, SP, Brasil, 13-09-2019: Babiy Querino, modelo presa em 2017 por um crime que não cometeu, o que agora foi provado (acabou de ser solta); o cabelo afro foi um dos elementos que a fez ser encarcerada, vítimas falaram que era parecido com o da real criminosa. (foto Gabriel Cabral)

São Paulo, SP, Brasil, 13-09-2019: Babiy Querino, modelo presa em 2017 por um crime que não cometeu, o que agora foi provado (acabou de ser solta); o cabelo afro foi um dos elementos que a fez ser encarcerada, vítimas falaram que era parecido com o da real criminosa. (foto Gabriel Cabral)

No Mês da Consciência Negra o AfroLab Macaé (Afro Laboratório de Macaé), convida a dançarina Babiy Querino,de São Paulo, fundadora do Projeto Vidas Carcerárias Importam e Marcos Vinicius Santos de Jesus, de Macaé, ativista de Direitos Humanos e graduando de Direito/UFF, para uma reunião amplificada. O objetivo é debater a importância de conscientizar a sociedade sobre a vida de pessoas encarceradas, trazendo um olhar crítico sobre o judiciário e suas falhas. O encontro, que vai respeitar todas as normas da OMS e decretos municipais referentes a prevenção contra o COVID-19, vai acontecer nesta sexta-feira (6), às 17h, na Rua José Aguiar franco, número 109, no bairro Costa do Sol e será transmitido nas redes sociais. 

A história de Babiy Querino foi marcada por um erro judicial que ficou conhecido nacionalmente. A bailarina de 22 anos foi presa pela acusação de participar de um assalto em São Paulo e foi “reconhecida” por ter o mesmo tipo de cabelo e cor de pele da pessoa que praticou o assalto, enquanto ela gravava um clipe no Guarujá, litoral paulista. Mesmo com vídeos, fotos e testemunhas, Babiy ficou presa por 1 ano e oito meses. No dia 13 de maio de 2020 ela recebeu a absolvição. A data da liberdade hoje está tatuada no peito da dançarina acompanhada da palavra “Mo wá”, que em iorubá significa “eu existo”. 

Atualmente a bailarina traz em seu extenso currículo participação em clipes famosos nacionalmente, como o “A Nega é Braba”, lançado na última sexta-feira (30), por MC Rebecca e Karol Conka, além dos clipes  “Paz, Amor e Grave”, de Ruxell, Gloria Groove e Rincon Sapiência. Além de fazer parte do projeto “TURMALINAS NEGRAS”, que nasceu para ressaltar as artistas negras, trazendo a esperança de uma sociedade mais justa, sendo fortaleza para mulheres negras, respeitando as suas histórias e ancestralidade, sendo espelho e referências para crianças pretas.

Babiy também se dedica a campanha “Vidas Carcerárias Importam”, junto com o coletivo UJIMA Povo Preto, para arrecadar produtos que englobam o jumbo e dinheiro para as remessas via Sedex para a população carcerária. O jumbo consiste na distribuição de produtos perecíveis ou não pelas famílias aos encarcerados, normalmente durante as visitas aos presídios. Dentre estes produtos, destacam-se os itens de higiene básica, tão importantes no combate ao COVID-19. Contudo, conforme estabelecido pelo Judiciário, o jumbo presencial foi impedido por tempo indeterminado no estado de São Paulo a partir do dia 23 de março de 2020 para evitar a possível disseminação da doença, sendo permitido, portanto, apenas o envio dos itens pelos correios.

Para Babiy Querino é extremamente importante debater o tema em todos os lugares. “É necessário lembrar as pessoas de todo um contexto histórico durante e após colonização, e o que levou a maior população deste, a população negra, a ser marginalizada e criminalizada”, pontua.   

AfroLab –  Fundado pelo coletivo Só Podia Ser Preto, a iniciativa é um laboratório de vivências pretas, com objetivo de proporcionar experiências afrocentradas a juventude de Macaé e região, para juntos construir, sob a perspectiva do povo negro, uma alternativa de sociedade possível, que atenda as necessidades de pessoas pretas, afim de desfazer as fronteiras e movimentar os ideais, criar uma Zona Autônoma Preta, analisando quais narrativas estão acontecendo pelo estado fluminense, por meio de troca de informações, inquietações e (des)construções.

O encontro será transmitido ao vivo no Facebook pela página AfroLab.

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