Ação que matou Nega Pataxó foi planejada em grupo de WhatsApp por 200 fazendeiros, diz ministério

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Segundo o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a ação que terminou na morte da indígena Maria Fátima Muniz de Andrade, em Potiraguá, no sul da Bahia, foi organizada por um grupo de WhatsApp autointitulado “Invasão Zero”. As mensagens que levaram ao ataque do último domingo que matou a indígena conhecida como Nega Pataxó, teriam sido enviadas para cerca de 200 fazendeiros.

O MPI alega que a mobilização ocorreu na Fazenda Inhuma, área ocupada por indígenas desde o último sábado (20), considerada pelos Pataxó Hã Hã Hãe como de ocupação tradicional. Os fazendeiros e comerciantes cercaram a área com dezenas de caminhonetes, e tentaram recuperar a propriedade, sem decisão judicial.

O Movimento Invasão Zero, de forma ordeira, segura e pacífica, convoca em caráter de urgência, todos os produtores rurais, agricultores, comerciantes e proprietários em geral a comparecerem amanhã, dia 21 de janeiro de 2024, às 10h, na ponte do rio Pardo para ação de reintegração a fazenda invadida“, diz a mensagem encaminhada para o grupo.

Situação aconteceu no último domingo (21) — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Dois fazendeiros foram presos, um deles, acusado de ser o autor do disparo. O cacique Nailton Muniz Pataxó também foi baleado, mas sobreviveu.

Um indígena que estava com uma arma artesanal, também foi detido. Conforme a Polícia Militar, um fazendeiro foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável. De acordo com a PM, ao menos outras sete pessoas ficaram feridas.

A ministra dos Povos indígenas, Sonia Guajajara, foi visitar o cacique e toda a comunidade atingida junto de uma comitiva interministerial do governo federal, na última segunda-feira (22). “Aqui na Bahia, onde tudo começou, o início do Brasil, a presença dos povos indígenas ainda vive toda essa situação de lutar pelo seu território. E aqui muitas vidas já foram perdidas nesse confronto com fazendeiros, com grileiros de terra”, disse a ministra durante a visita.

O presidente Lula (PT) conversou nesta terça-feira (23) com a ministra, sobre os ataques em terras indígena no sul da Bahia.

“Queria dizer para o povo baiano que pode ficar tranquilo que vou discutir muito esse assunto hoje à tarde, aqui em Brasília, com a ministra. Quero colocar o governo federal à disposição para ajudar o [governador] Jerônimo e os povos indígenas para que a gente possa achar uma solução para que a gente resolva isso de forma pacífica”, disse Lula em entrevista para Rádio Metrópole, da Bahia.

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