Abuso infantil: 1 em cada 5 mulheres no Brasil sofreu violência sexual infância, diz estudo

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O estudo realizado pela revista científica The Lancet, afirma também que 1 em cada 8 homens com 20 anos ou mais sofreram algum tipo de violência sexual antes dos 18 anos.

Segundo um estudo publicado pela revista científica The Lancet , 1 a cada 5 mulheres (17,7%) e 1 a cada 8 homens (12,5%) sofreram algum tipo de violência na infância ou adolescência no Brasil. A estimativa levantada através da pesquisa Prevalência de violência sexual contra crianças e idade da primeira exposição: uma análise global por localização, idade e sexo (1990–2023), publicada na última quarta-feira (07), inclui casos de relações sexuais forçadas ou toques indesejados com conotação sexual em menores de 18 anos.

Luisa Flor, professora assistente da Universidade de Washington e uma das autoras do estudo, afirma que desigualdades estruturais e vulnerabilidades sociais contribuem para o cenário brasileiro. “Muitas crianças vivem em condições de pobreza ou instabilidade. Além disso, nem sempre reconhecem situações abusivas, principalmente quando ocorrem dentro de relações ou instituições de confiança. Isso atrasa ou impede a denúncia e prolonga a exposição à violência.”

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em 2024 ao menos 78.395 denúncias de estupro foram registradas no país — uma média de nove ocorrências por hora. Desse total, 67.820 vítimas eram mulheres, 9.676 eram homens e, em 899 casos, o gênero não foi informado.

1 em cada 5 mulheres no Brasil sofreu violência sexual infância – Foto: Freepik

Mesmo altos, os dados brasileiros relatados pela pesquisa são inferiores comparados aos países vizinhos da América Latina. No Chile (31,2%) das mulheres relataram abuso sexual na infância ou adolescência, na Costa Rica o número é de (30,9%) , o que equivale a quase um terço das mulheres. Entre os homens, a estimativa são de (14,5%) no Chile e (19%) na Costa Rica.

No mundo, a estimativa é de que 18,9% das mulheres e 14,8% dos homens passaram por esse tipo de violência antes da vida adulta.

Luisa Flor, alerta para a subnotificação como um fator que pode mascarar ainda mais a real dimensão do problema: “Quem sobrevive à violência costuma enfrentar barreiras como vergonha, estigma e medo, que dificultam a denúncia ou a busca por ajuda”, afirma.

A pesquisa também revela as consequência do abuso sexual na vida dessas pessoas, que após vivenciarem esse tipo de violência têm maior risco de desenvolver transtornos como depressão, ansiedade, uso abusivo de substâncias, doenças crônicas como asma e infecções sexualmente transmissíveis. Há ainda impactos no aprendizado e no desenvolvimento cognitivo.

O levantamento foi liderado por pesquisadores da Universidade de Washington, em Seattle, nos EUA e faz parte de um dos primeiros esforços para estimar a prevalência global da violência sexual infantil e juvenil em 204 países, entre os anos de 1990 e 2023, com dados desagregados por idade e sexo. O documento também utilizou dados de estudos realizados pela OMS e pelas Nações Unidas de 1990 a 2023, em menos países.

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Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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