Escrito pelo colaborador Caio Sena
Na noite da última segunda-feira (09), a Universidade do Recôncavo Baiano (UFRB), Campus Cachoeira (localizado a 117 km de Salvador), foi o palco de mais um caso de racismo. O estudante da UFRB identificado como, Danilo Araújo de Góis, se recusou a receber uma lista das mãos de uma professora efetiva da instituição, Isabel Reis, por ela ser negra.
Em entrevista concedida ao Notícia Preta, um estudante relatou que estas práticas não são frequentes ao estudantes. Segundo alegações, ele já foi denunciado junto a instituição por maus tratos a animais, ameaça, homofobia e misoginia. Outros estudantes do curso de Ciências Sociais reafirmam também um histórico sexista e homofóbico de Danilo, que também se recusa a receber materiais de professores que não se enquadram no padrão hétero-normativo. Segundo os colegas, ele já afirmou “não se misturar com esse tipo de gente, visto que isto não é da sua cultura e que foi bem criado para ter noção disso”, seja se referindo a população LGBTQI+ quanto aos negros que também estudam na universidade.
No entanto, na aula desta segunda-feira (09), Danilo se recusou novamente é receber lista das mãos da professora. Em vídeos que circulam em redes sociais é possível identificar a insistência por parte do estudante em que receber o documento diretamente da professora, solicitando que deixasse em cima da mesa para que ele pudesse pegar. Segundo um estudante entrevistado “foi um momento que todo mundo estava prestando atenção. Sabíamos que era uma prática corriqueira dele, e resolvemos todos focalizar e ver qual seria a atitude dele que se manteve a mesma de outros episódios. Mas dessa vez as pessoas se indignaram e ele teve que se explicar o porquê de não aceitar a documentação diretamente da professora.”
Seguindo os relatos, o acusado foi convidado a se retirar da sala de aula pela coordenação visto o clima de revolta por parte dos estudantes. A polícia foi acionada para acompanhar o caso, e segundo informações o acusado prestou boletim de ocorrência alegando ter sido agredido fisicamente pelos colegas de universidade, evento que não é possível identificar nos vídeos que circulam nas redes sociais.
Entre os estudantes circula um clima de tensão, um dos entrevistados que não prefere se identificar destaca “Dá medo por não saber do que esse homem é capaz de fazer. Ontem chorei e tudo a noite de raiva. – A universidade tem ciência disso e não toma um posicionamento. São repetidos os casos e nenhuma medida é tomada.” – Os estudantes da universidade temem algum tipo de retaliação por parte do acusado que é morador da residência estudantil da universidade sediada na cidade de São Félix, vizinha a Cachoeira.
Em nota a UFRB informou que está apurando os fatos e vai ouvir as partes, mas ainda não iria se manifestar sobre a situação. Da mesma forma, não conseguimos retorno da Delegacia Geral da da cidade de Cachoeira referente a informações de efetiva prestação de boletim de ocorrência das partes. Também procuramos a professora Isabel Reis, mas até o fechamento dessa matéria não tivemos retorno.