A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, tomou posse nesta quarta-feira (11), no Palácio do Planalto em Brasília. A jornalista entrou no salão, onde ocorreu a cerimônia, de mãos dadas com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O presidente Lula e a primeira-dama Janja também desceram a rampa com as ministras empossadas. Este é o primeiro evento oficial no local que foi palco de ataques terroristas no último domingo(08).
Anielle começou seu discurso exaltanto mulheres negras que ajudaram em sua caminhada: “Agradeço àquelas que vieram antes de mim, as minhas mais velhas, às minhas irmãs de alma, mulheres negras que seguraram a minha mão desde o dia 14 de março de 2018 e que nunca mais soltaram“, disse.
Anielle também lembrou de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, no Rio de Janeiro e até hoje o crime não foi solucionado.
“Desde o dia 14 de março de 2018, dia em que tiraram Marielle da minha família e da sociedade brasileira, tenho dedicado cada minuto da minha vida a lutar por justiça, defender a memória, multiplicar o legado e regar as sementes de minha irmã. Nesse caminho fundamos o Instituto Marielle Franco, organização que se tornou referência no combate à violência política de gênero e raça e na defesa de direitos de mulheres negras, pessoas LGBTQIAP+ e periféricas”, declarou.
A ministra também citou a juventude negra: “Precisamos identificar e responsabilizar quem insiste em manter esta política de morte e encarceramento da nossa juventude negra, comprovadamente falida. Assim como estamos identificando e responsabilizando quem executou, provocou e financiou a barbárie que assistimos no último domingo“.
A ministra de Igualdade Racial também falou sobre a necessidade de pessoas negras ocuparem cargos de poder e tomada de decisão.
Não podemos mais ignorar ou subestimar o fato de que a raça e a etnia são determinantes para a desigualdade de oportunidades no Brasil em todos os âmbitos da vida. Pessoas negras estão sub-representadas nos espaços de poder e, em contrapartida, somos as que mais estamos nos espaços de estigmatização e vulnerabilidade. disse Anielle
Apesar de a maioria da população brasileira se autodeclarar negra, é possível observar que os brancos ocupam a maior parte dos cargos gerenciais, dos empregos formais e dos cargos eletivos. Por outro lado, a população negra está no topo dos índices de desemprego, subemprego e de ocupações informais, além de receber os menores salários. comentou a ministra.
Anielle chamou para a responsabilidade da política de Igualdade Racial os demais ministros.
O enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial é um dever de todos nós. A população brasileira não pode ser onerada com o custo das violações das quais é vítima. Esperamos poder contar com vocês nessa tarefa de reconstrução em prol de respeito, cidadania, dignidade e igualdade de oportunidades. E, me dirijo especialmente aos demais ministros e ministros cujas pastas não poderiam funcionar sem um recorte pontual e transversal sobre o racismo e a racialidade no Brasil. E, também por isso, o Ministério da Igualdade Racial se coloca à disposição para reconstruir esse novo Brasil coletivamente. O compromisso com a Igualdade Racial no Brasil não pode ser o compromisso apenas deste Ministério! disse Anielle.
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