O levantamento “A mulher negra no mercado de trabalho brasileiro: desigualdades salariais, representatividade e educação entre 2010 e 2022”, realizado pela Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, revela que as mulheres negras são as mais afetadas pelas desigualdades salariais.
A pesquisa revela que o rendimento da mulher negra é 71% mais baixo que a renda média das mulheres brancas. Outro apontamento é que a diferença entre o salário de uma mulher negra e um homem negro chega a 81,6% e entre mulheres e homens brancos, esse percentual cai para 76,8%.
Quando se fala em regionalização, existe também uma disparidade entre a região Nordeste e Sudeste, por exemplo. No Sudeste, o rendimento médio das mulheres negras é de R$ 1.855,96, enquanto das mulheres brancas é de R$ 2.971,17. Na região Nordeste, esses números chegam a R$ 1.499,78 para negras e R$ 2.14,58 para brancas.
“A disparidade da faixa salarial de mulheres negras é ruim no Nordeste, mas é ‘menos ruim’, para enfatizar que não é boa, na região Sudeste. Isto nos surpreendeu, pois achávamos que era igual no Brasil todo“, diz Guibson Trindade, gerente executivo da Associação Pacto.
Na última semana, a Ministra do Planejamento e Gestão, Simone Tebet, disse que quer incluir mulheres negras em sua pasta, mas tem dificuldade de encontrar profissionais qualificadas. Porém, o estudo revela também que o nível de escolaridade das mulheres negras têm avançado na última década.
“O total de trabalhadores com ensino superior entre homens negros saltou de 6% para 10%, enquanto para mulheres negras esse salto foi de 13% para 21%. Entendemos que isto é fruto da política de cotas e que derruba um discurso de que não há mão de obra negra qualificada”, comenta Guibson .
Em relação às taxas de participação e empregabilidade no mercado de trabalho formal e informal, foi constatado que mulheres negras possuem a menor taxa de participação no mercado de trabalho e, ainda, uma sobre-representação no mercado informal e em ocupações domésticas.
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Porém, a participação da mulher negra no mercado formal de trabalho tem aumentado nos últimos anos. O número de mulheres negras com carteira assinada em relação ao de homens brancos avançou cerca de 20 pontos percentuais entre 2010 e 2020, por exemplo.
Ainda assim, as negras possuem a menor taxa de participação no mercado de trabalho e sobre-representação no mercado informal e em ocupações domésticas.
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