Precursor na luta pelos direitos humanos e militância negra do Rio desde anos 70, Romão terá um relato próprio in memorian apresentado em documentário na mostra Première Brasil em outubro
O curta-metragem batizado de Romão, resume em um relato com 10 minutos de duração, um pouco dessa densa trajetória de lutas e conquistas obtidas pelo famoso ativista do movimento negro no Rio e criador do SOS Racismo na Cidade. O filme estreia na mostra competitiva Première Brasil na categoria “Estado das Coisas”, mais voltada aos debates político-sociais. A primeira exibição será exclusiva para convidados no dia 13/10 às 18h30 no Estação Gávea, dentro do Shopping da Gávea.
Uma sessão aberta ao público também está na agenda do Festival e será no Estação Net Rio, dia 14/10 às 16h30. Quem assina a direção do curta é o cineasta e fundador do CAN – Cineclube Atlântico Negro, Clementino Júnior, que faz sua estreia em grande estilo, e bem cotado, na acirrada competição pelo Troféu Redentor, uma das mais importantes premiações do cinema nacional.
Clementino Junior é também educador audiovisual desde 2007 lecionando em todo o Brasil e já ganhou prêmios em diversos festivais. Foi curador em mostras e festivais, e vice-presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas (ABDN) entre 2011 e 2012.
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Em 2008 quando iniciou o CAN, traçou o objetivo de produzir conteúdos para filmes da diáspora africana. Em outubro de 2016 inaugurou CineGeasur, um misto de Cineclube e Curso de Extensão Universitária com pauta em Cinema, Memória e Direitos Humanos. Deste modo, ele viu que não poderia deixar de registrar na memória cinematográfica do país esta figura ímpar que foi e é, Marcos Romão.
Sobre Romão em seu curta-metragem
A obra é uma homenagem póstuma ao ativista social e jornalista que em sua passagem pela vida deixou um legado extenso sobre a defesa da dignidade humana. Isto é algo que já na abertura do documentário é percebido com o resgate de imagens de um ato emblemático na escadaria da Câmara Municipal em 1982, onde ele promoveu uma manifestação contra a foto nas capas de jornais de ação policial, onde homens negros apareciam amarrados analogamente aos tempos da escravidão.
Outro famoso evento simbólico que marcou a sociedade carioca, foi o massacre da Candelária, em que Romão também se fez presente para protestar e defender as vítimas remanescentes do crime. A figura ímpar, oficialmente registrado, João Marcos Aurore Romão ficou famoso, entre aqueles que militam nas causas em defesa dos negros e minorias, como Romão do SOS Racismo. Haja vista ter sido ele com amigos de luta que criaram este movimento de denúncias no Rio de Janeiro, no final da década de 70.
Romão listado em outras mostras de cinema 2022
Além do Festival do Rio e do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, o Romão foi selecionado para mais dois festivais de pequeno porte, mas já com pelo menos seis edições, o Curta Campos do Jordão/SP e Curta Canedo/GO. Ao todo o curta terá estreia em quatro festivais nacionais com seis exibições presenciais em um mês, em duas regiões do país.
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