O longa metragem “Saint Omer”, da diretora Alice Diop, foi o grande vencedor do Leão de Prata, Grande Prêmio do Juri e Leão do Futuro, do Festival de Cinema de Veneza. O anúncio foi na tarde deste sábado (10).
O filme é baseado em um caso real, do ano de 2013. Rama é uma romancista que assiste ao julgamento de Laurence Coly no Tribunal Criminal de Saint-Omer, na Normandia. Laurence é acusada de matar a sua filha de 15 meses após abandoná-la numa praia no norte da França, em um momento de maré cheia. Rama tem por objetivo, usar a história para escrever uma adaptação moderna do antigo mito de Medeia, mas as coisas não saem como esperado.
Diop lembra que vem de um país que o aborto é ilegal e também existem feminicídios, mas as pessoas não gostam de tocar no assunto. “As autoridades não querem ouvir essas mães. Você faz. Você poderia definir o que Laurence fez como uma espécie de aborto tardio. A criança tinha 15 meses, mas é como se ela nunca tivesse existido. Ela não denunciou sua existência às autoridades – ela a estava mandando de volta para o limbo, pode-se dizer”, afirma a diretora em entrevista ao canal Cineuropa.
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“Para mim, tragédia significa expor histórias, banais e incomuns, que perfuram nossas profundezas. Se é isso que torna este caso universal, o fato de ser carregado no corpo de uma mulher negra também torna o filme político. O personagem de Laurence encoraja todos os espectadores, homem ou mulher, branco ou negro, a olhar para dentro de si”, comenta.
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