”A população negra é a mais prejudicada com o corte de verba na educação”, diz Lia Schucman

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Nesta quarta-feira (18), todos os estados e o Distrito Federal, registraram manifestações contra o bloqueio de recursos para a educação anunciado pelo Ministério da Educação. No final de abril, o MEC bloqueou 24,84% dos gastos não obrigatórios dos orçamentos das instituições federais. Essas despesas incluem gastos com os profissionais terceirizados, obras, equipamentos, contas de água, luz e compra de material básico, além de pesquisas. No total, considerando todas as universidades, esse corte é de R$ 1,7 bilhão.

Lia Vainer Schucman durante ato no Recife. Foto: Thiago Augustto

Para a doutora em Psicologia Social pela da USP, Lia Vainer Schucman, a população negra é a mais prejudicada com a manobra do governo. “É muito importante pensar que qualquer corte no serviço público atinge primeiramente a população preta e pobre. No caso das universidades, obviamente, a população negra será a primeira a sofrer. Por exemplo, os terceirizados vão ser os primeiros a serem demitidos e eles na sua maioria são negros”.

De acordo com o MEC, despesas obrigatórias, como assistência estudantil e pagamento de salários e aposentadorias, não foram afetadas. Mesmo assim, o corte é preocupante para a população negra. “A permanência da população negra na universidade depende de bolsas de incentivos, do restaurante universitário, de bolsas de pesquisas, de ajuda financeira. Se qualquer um desses incentivos é cortado (como é o caso das pesquisas), atingirá primeiramente a população preta e pobre”, complementou a psicológa, que na última segunda-feira esteve no Recife participando de um debate sobre a branquitude nas ciências.

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