Escola cívico-militar não resolve os dilemas da educação

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Por Jade Beatriz*

O que faz a educação no Brasil ter estagnado ou piorado em seus indicativos de qualidade não vem da administração das escolas. Bem longe disso. A causa é muito mais ampla e profunda, mas começa na ausência de um projeto educacional e no desmonte da educação pública praticado pelo governo de Jair Bolsonaro.

Foto: Divulgação PMMG

Em mais uma proposta para agradar sua base, desde o início do seu (des)governo apontou que despenderia mais investimentos de R$ 54 milhões em escolas cívico-militares e na expansão dos colégios militares, criando manual para instituições com esse modelo misto, que possuem administração de militares e agentes de segurança e gestão pedagógica de professores e profissionais de educação.

Em São Paulo, o  projeto de implementação de escola cívico militar, que faz parte do Pecim (Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares) foi suspenso pela justiça por risco de desvirtuamento das diretrizes básicas da educação, como previstas em nossa Constituição Federal e por possuir caráter ideológico.

Aproveito para ressaltar que há outros pontos problemáticos nesse modelo, que Bolsonaro tentou enfiar goela à baixo, a começar no destino dos recursos, que poderiam ser implementados nas escolas “comuns”, em vez de mudar o modelo de gestão.

De certo que os resultados nessas escolas seriam muitos melhores, já que os colégios militares  recebem muito mais recursos e existe uma relação direta entre investimentos e qualidade: quanto mais recursos, maior é a nota obtida no Ideb.

Com mais recursos, os colégios militares possuem melhores estruturas, salários mais altos para professores e, consequentemente, melhores avaliações, por isso a impressão de que eles possuem qualidade superior.

Outro ponto: esse modelo é excludente para estudantes com dificuldade de aprendizado ou que não conseguem se adaptar às regras rígidas de uma escola de cultura militar, o que fere a função das instituições de servirem como acolhimento à comunidade. 

E ainda: Por questão da administração militar, historicamente muitos assuntos são censurados, o que leva a perda de capacidade de crítica dos estudantes e censura aos docentes. Sabemos que as escolas estariam sob o aparelhamento ideológico do governo e a exemplo do que já acontece, temas como machismo, racismo, política seriam cerceados.

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É preciso reivindicar um investimento seja em toda rede de escolas, com políticas públicas para avançar em conjunto na qualidade e aprimoramento do ensino público e não apenas de forma seletiva, visando agradar a base conservadora e militar de Jair Bolsonaro. Escolas cívico-militares não resolvem nossas desigualdades educacionais

Jade Beatriz, é estudante de cursinho pré-vestibular e presidente da UBES

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