“Racismo Estrutural”, explica Margareth Menezes sobre projeção maior de Ivete e Daniela 

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Uma das maiores vozes da música popular brasileira, a cantora Margareth Menezes falou sobre como o racismo estrutural a impediu de ter mais projeção na carreira do que as cantoras Ivete Sangalo e Daniela Mercury. Ela abordou o assunto em recente entrevista ao jornal O GLOBO e explicou: “São histórias de patamares diferentes e existem aí várias coisas dentro do mesmo pacote. Tem a questão racial, o racismo estrutural da nossa sociedade. A isso, soma-se a estética, o padrão da televisão. Nós, mulheres artistas negras, não tínhamos as mesmas oportunidades, aberturas, convites.” 

A cantora Margareth Menezes. Foto: Reprodução Redes Sociais

Também na entrevista, a artista elogiou os talentos das artistas, mas destacou que não teve a mesma base que elas. “Outro diferencial é que Daniela e Ivete, mulheres fantásticas e grandes talentos com contribuições enormes na cultura, tiveram a oportunidade de participar de blocos com estrutura, já com a logística arrumada, patrocinadores. Não tinham as mesmas preocupações que eu, que venho da música e de trio independente.” 

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A cantora baiana relembrou ainda que ficou oito anos sem gravadora, mas que conseguiu construir uma carreira de destaque nacional e internacional. “Por outro lado, tive a sagacidade de conseguir o meu espaço dentro disso tudo. Fui uma artista inquieta, sempre gostei de fazer coisas diferentes e sobrevivi a uma situação brutal, fiquei oito anos sem gravadora (depois do disco “Luz dourada”, de 1993, e até o “Maga – Afropop brasileiro”, de 2001, lançado em parceria com a Universal). Mesmo assim, fiz uma carreira de destaque aqui e fora do Brasil. Continuei os projetos e pude atravessar o deserto.”, pontou. 

Vale lembrar que recentemente Margareth lançou o single “Terra Aféfé”, composta e produzida em parceria com Carlinhos Brown. Entre as curiosidades que envolvem a concepção da canção, a cantora destaca uma ‘mística inusitada’. Ao nomeá-la, Brown a chamou de “Terra Aféfé”, que seria uma terra cheia de ventos. Mais tarde, já com a música pronta e em pesquisas mais aprofundadas, os artistas vieram a descobrir que esse lugar, a Terra Afefé, realmente existe. “É uma comunidade localizada em Ibicoara, na Chapada Diamantina, aqui na Bahia. Um lugar que trabalha arte, ecologia, ancestralidade e conexão com o corpo. Os mistérios estão aí e a inspiração está no ar”, explica a artista. 

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