Ataque armado deixa indígena morto e três feridos no Mato Grosso do Sul

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A comunidade indígena Pyelito Kue, localizada na Terra Indígena Iguatemipeguá I, no sul do Mato Grosso do Sul, voltou a ser alvo de violência armada na madrugada deste domingo. O ataque, realizado por um grupo estimado em 20 homens, resultou na morte de Vicente Kaiowá e Guarani, atingido na cabeça, e deixou outras três pessoas feridas, entre elas dois adolescentes com marcas de tiros nos braços e no abdômen.

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, a ofensiva ocorreu por volta das 4h. Matias Rampel, missionário que atua na região, relatou ao Brasil de Fato que a Força Nacional não estava próxima quando os disparos começaram e demorou a chegar ao território. Ele afirmou que os agressores ainda destruíram uma ponte usada como acesso à aldeia, o que obrigou as equipes de segurança a realizar um trajeto mais longo. Em sua avaliação, a ausência permanente de proteção facilita a continuidade das agressões. Rampel disse: “Os ataques começaram às 4 da manhã. A Força Nacional não estava na região e demorou para chegar”.

Os episódios de violência vêm ocorrendo desde 23 de outubro, data da portaria interministerial que criou um Grupo de Trabalho Técnico para reunir informações sobre disputas fundiárias na área. O documento, elaborado por MPI, MDA e MGI, prevê a elaboração de um relatório em 180 dias para mapear terras públicas e privadas na região.

Ataque acabou em morte de indígena e três feridos em Terra Indígena do MS – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

A situação envolve dois conflitos centrais: a TI Iguatemipeguá I foi demarcada em 2013 com 41,5 mil hectares, mas o processo permanece inconcluso, e parte do território segue sobreposta por fazendas, incluindo Cachoeira e Cambará, onde está a aldeia Pyelito Kue. Rampel afirmou ao jornal que a retomada foi motivada pela fome enfrentada na antiga área, onde não havia condições mínimas de cultivo. “Eles não têm como viver confinados, o histórico de fome é muito grande”, afirmou.

A ABA divulgou nota cobrando ação do governo federal e lembrando que a Constituição garante aos povos indígenas acesso a seus territórios e vida digna segundo seus usos e tradições.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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