A nova série de ação “Capoeiras”, que estreou nesta sexta-feira (29) no Disney+, é mais do que entretenimento: é uma homenagem à ancestralidade brasileira e ao poder cultural da capoeira. A produção nasceu do sonho pessoal do ator e produtor Raphael Logam, que esperou mais de duas décadas para transformar em obra audiovisual o livro A Balada de Noivo-da-Vida e Veneno-da-Madrugada, escrito por seu mestre e amigo Nestor Capoeira. Com ação, memória e espiritualidade, a série celebra a força de uma arte genuinamente brasileira, misturando luta, lealdade e pertencimento.
Com seis episódios, a minissérie é ambientada no Rio de Janeiro de 1971 e acompanha a trajetória de dois jovens capoeiristas: Veneno, interpretado por Logam, e Noivo, vivido por Sérgio Malheiros. Criados sob os ensinamentos do mestre Vendaval (Dan Ferreira), os amigos se veem marcados por uma tragédia durante uma batida policial, que resulta na morte do mestre e de um policial. A partir daí, seus destinos se separam: Noivo foge, consumido pela culpa, enquanto Veneno permanece para cuidar da jovem Ventania (Dhara Lopes), filha de Vendaval.

Décadas depois, os dois se reencontram, agora adultos, em lados opostos de uma nova encruzilhada. Veneno, que trabalha como faxineiro em uma boate, se torna campeão de um clube de lutas clandestinas. Noivo, de volta ao Brasil após anos, tenta impedir uma nova tragédia prevista em uma de suas visões. O reencontro revela verdades enterradas e obriga os personagens a confrontarem seus passados e suas próprias identidades.
A série é dirigida por Tomás Portella, que também assina o roteiro ao lado da escritora Eliana Alves Cruz. Os episódios contam ainda com a direção de Igor Verde. A produção é das empresas Migdal Filmes e INTRO Pictures, que abraçaram o projeto ao reconhecer sua potência artística e simbólica.
Para Raphael Logam, o projeto é a realização de um desejo antigo: “Desde que comecei a praticar capoeira, nutri o desejo de encarnar um personagem como Veneno. Estamos acostumados a ver histórias sobre artes marciais estrangeiras. A capoeira é nossa, é complexa, tem religiosidade e história. Esse era um sonho que eu precisava colocar no mundo”, afirmou o ator.
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Segundo a produtora Iafa Britz, a proposta sempre foi mais do que um produto de entretenimento. “Não era algo publicitário, como estamos acostumados a ver. Logam me ensinou sobre a ancestralidade da capoeira, sua ligação com as religiões de matriz africana, sua profundidade. Criamos heróis de corpo fechado”, diz ela.
Simoni de Mendonça, da INTRO Pictures, destaca que falar sobre a capoeira no audiovisual é reconhecer uma parte essencial da identidade brasileira. “Já estava na hora de valorizarmos essa arte reconhecida no mundo todo. A história vai gerar identificação e emocionar o público”, declarou.
O elenco também conta com nomes como Juliana Alves, Cláudia Di Moura, Wilson Rabelo, Rodrigo de Odé, Bruno Gissoni, Danni Suzuki e Fernanda de Freitas. Com ação, misticismo e sensibilidade, “Capoeiras” aposta na construção de personagens complexos e na valorização de uma narrativa negra, periférica e ancestral, com potencial de emocionar e provocar reflexões.