“Não há fome em Gaza” diz Netanyahu, primeiro-ministro de Israel

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Naima Abu Ful consola seu filho de Yazan, de 2 anos, em campo de refugiados em Gaza

Declaração foi feita no mesmo dia que o país suspendeu operações militares por 10 horas por dia em partes de Gaza. Donald Trump, presidente dos EUA e maior aliado de Israel na guerra, discordou de declaração feita por Netanyahu

O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu afirmou que o país do Oriente Médio permitiu a entrada de ajuda humanitária durante a guerra e por isso não há fome em Gaza. A afirmação foi feita no último domingo (27), no discurso do primeiro-ministro durante sua participação em uma conferência cristã em Jerusalém.

Segundo Netanyahu, até agora foi ofertado 2 milhões de toneladas de alimentos a Gaza: “Permitimos a entrada da quantidade exigida pelo direito internacional. Há centenas e centenas de caminhões carregados com toneladas. Até agora, fornecemos 1,9 milhão de toneladas de alimentos desde o início da guerra, quase 2 milhões de toneladas. E agora temos centenas de caminhões esperando no lado de Gaza da passagem de Kerem Shalom”.

Imagem da mãe Naima Abu Ful consolando seu filho de Yazan, de 2 anos, em campo de refugiados em Gaza – Foto: Jehad Alshrafi/AP

Israel anunciou neste último domingo a suspensão das operações militares por 10 horas por dia em partes de Gaza e novos corredores de ajuda, enquanto a Jordânia e os Emiradores Árabes Unidos faziam lançamentos aéreos de suprimentos para o território. Os militares também informaram que rotas seguras designadas para comboios que entregam alimentos e medicamentos também estão em operação entre 6h e 23h em Gaza.

As declarações foram feitas ao mesmo tempo que Israel enfrenta crescentes críticas internacionais após imagens de palestinos famintos, devido à crise humanirária em Gaza se espalharem. As negociações de cessar-fogo em Doha, localizada entre Israel e Hamas foram interrompidas sem pespectiva de acordo. A Organização das Nações Unidas (ONU ) declarou que a situação dos palestinos é um ´´show de horrores´´.

A guerra continua

Em um vídeo divulgado na rede social X ainda no último domingo, Netanyahu declarou que a guerra continuará “até a vitória completa”, mesmo após Israel ter implementado as pausas humanitárias para entrada de ajuda no território palestino. Segundo o primeiro – ministro: “Continuaremos a lutar, continuaremos a agir até atingirmos todos os nossos objetivos de guerra. Até a vitória completa.”

Leia também: Gaza: mais de 70 pessoas são mortas em pontos de distribuição de comida

Aliados discordando

Nesta segunda-feira (28), o presidente dos EUA, Donal Trump, contradisse o prêmie israelense, Benjamin Netanyahu, ao dizer que “há fome de verdade” na Faixa de Gaza: “Precisamos cuidar das necessidades humanitárias do que um dia se chamou de Faixa de Gaza (…) Podemos salvar muita gente. Algumas dessas crianças… é uma fome real, eu vejo isso, não dá para fabricar. Vamos nos envolver ainda mais. O primeiro-ministro [Starmer] vai nos ajudar”.

A declaração marca uma quebra no discurso entre o maior aliado de Israel na guerra, que sempre concordaram. O país americano é o maior fornecedor de armamentos de Israel e estão esvolvidos desde do começo do conflito em 2023. O EUA também integra a controversa distribuição de alimentos tutelada por Israel, em que centenas de palestinos morreram ao buscar alimentos.

Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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