700 famílias correm risco de despejo no Maranhão

700 famílias correm risco de despejo no Maranhão

700 famílias correm risco de despejo no Maranhão. Foto: Freepik

Mais de 700 famílias de trabalhadores rurais que vivem há décadas na região de Sapucaia, no interior do Maranhão, estão sob risco de despejo por ordem da Justiça. A reintegração de posse foi solicitada pela Suzano S.A., gigante do setor de papel e celulose, que alega ser dona da área. A ação, que poderia atingir mais de duas mil pessoas, foi temporariamente suspensa, mas o futuro das famílias segue incerto.

O território é disputado entre a comunidade e a empresa desde que esta passou a reivindicar a posse da Fazenda Jurema. Os moradores, que vivem da agricultura familiar, afirmam ocupar as terras há cerca de cinco décadas. Segundo o Incra e a Defensoria Pública do Maranhão, o local tem viabilidade para reforma agrária e deveria ser regularizado em vez de desocupado à força.

700 famílias correm risco de despejo no Maranhão
700 famílias correm risco de despejo no Maranhão. Foto: Freepik

A Defensoria denuncia que não há plano de reassentamento digno e acusa o Estado de omissão. Já a Suzano apresentou o que chamou de “plano de reintegração humanizada”, mas o documento foi criticado por não envolver autoridades locais nem garantir direitos básicos às famílias. A tensão na região aumentou com relatos de perseguições, ameaças e medo de violência durante a possível remoção.

A Defensoria, o Incra e até a Prefeitura da cidade alegam que não há estrutura pública para acolher as famílias. Um relatório da Polícia Militar prevê a presença de quase 200 agentes, cavalaria e helicópteros para executar o despejo, o que pode colocar vidas em risco. Lideranças locais temem que uma tragédia aconteça, como ocorreu em outros conflitos fundiários no país.

Leia também: Mapeamento de garimpos mostra rede de tráfico humano e trabalho escravo na Amazônia

Enquanto isso, as famílias continuam cultivando suas terras e permanecem no local, apesar do clima de apreensão. Para os moradores, a área representa moradia, sustento e vínculos históricos com o território. A comunidade afirma que não pretende sair voluntariamente e que resistirá à desocupação.

Rafaela Oliveira

Rafaela Oliveira

Rafaela Vitória é graduanda em Jornalismo, nascida no Maranhão, com atuação profissional em mídias sociais e audiovisual, e interesse em narrativas sobre raça e cinema.

Deixe uma resposta

scroll to top