Brasil atinge 433 mil milionários enquanto desigualdade racial e social persiste

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Estudo do UBS aponta 433 mil brasileiros milionários com fortuna em dólar e transferências de US$ 9 tri. - Foto: Pexels

O Brasil atingiu a marca de 433 mil milionários em 2025, segundo o relatório anual Global Wealth Report, publicado pelo banco suíço UBS. O levantamento considera milionários aqueles com patrimônio superior a US$ 1 milhão, cerca de R$ 5,5 milhões. O número representa um crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior, consolidando o Brasil como o país com mais milionários da América Latina.

O relatório também aponta que cerca de US$ 83 trilhões devem ser transferidos como herança no mundo nos próximos 20 a 25 anos, em um fenômeno chamado de “a maior transferência de riqueza da história”. Deste total, US$ 74 trilhões serão transferidos verticalmente, de pais para filhos, e US$ 9 trilhões entre pessoas da mesma geração.

Enquanto isso, dados do IBGE revelam que o Brasil mantém uma das maiores desigualdades de renda do mundo. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), o 1% mais rico da população brasileira detém cerca de 23,7% de toda a renda do país. Já metade da população, os 50% mais pobres, ficam com apenas 10,4% da renda total.

O recorte racial aprofunda ainda mais essa desigualdade. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram que pessoas negras, que representam 56% da população brasileira, concentram-se majoritariamente nas faixas de menor renda. Enquanto a renda média de uma pessoa branca é de R$ 3.380, a de uma pessoa negra não passa de R$ 1.870.

A concentração de riqueza também se reflete na transmissão hereditária. No Brasil, grande parte dos patrimônios milionários e bilionários são passados por gerações dentro de famílias brancas, reforçando o abismo social e racial. Historicamente, o país excluiu pessoas negras do acesso a bens, terra e capital, desde o período pós-abolição até os dias atuais.

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O crescimento do número de milionários, portanto, não reflete uma melhora geral da qualidade de vida da população, mas sim o acúmulo de riqueza em uma pequena parcela, em sua maioria branca e pertencente às classes mais altas. Enquanto isso, trabalhadores negros e periféricos seguem enfrentando baixos salários, informalidade, desemprego e acesso precário a direitos básicos como educação, saúde e moradia.

O relatório do UBS evidencia que, embora a economia global e brasileira continuem gerando riqueza, ela permanece concentrada, aprofundando desigualdades estruturais baseadas em classe e raça.

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