Rendimento médio no Brasil chega a R$ 3.270, mas está longe do salário mínimo ideal, aponta Dieese

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O rendimento médio no Brasil alcançou R$ 3.270 no quarto trimestre de 2024, o maior valor já registrado na série histórica. O dado faz parte do boletim Emprego em Pauta, divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apesar de ser considerado um recorde, o valor está muito distante do que seria o salário mínimo ideal no Brasil para garantir uma vida digna.

Segundo o Dieese, entre 2014 e 2022, o rendimento médio dos brasileiros permaneceu praticamente estagnado, exceto nos anos mais críticos da pandemia, quando houve queda. De 2022 a 2024, houve uma recuperação, com alta de 7,5% no rendimento médio nacional.

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Segundo o Dieese, é o maior valor já registrado no país.

No entanto, o crescimento foi desigual. Quem recebe menos viu um aumento médio de apenas R$ 76 por mês. Já os 10% mais ricos tiveram um salto de R$ 901 mensais, 12 vezes mais que os trabalhadores de menor renda.

O levantamento mostra que um terço dos trabalhadores no Brasil ainda recebe até um salário mínimo, atualmente fixado em R$ 1.502. E esse valor não é suficiente nem para as despesas básicas de uma pessoa, segundo cálculos oficiais.

Salário mínimo ideal deveria ser de quase R$ 7 mil

O próprio Dieese calcula mensalmente quanto deveria ser o salário mínimo ideal no Brasil. Em dezembro de 2024, o valor necessário para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) seria de R$ 6.946,37.

Isso significa que:

  • O atual rendimento médio de R$ 3.270 representa menos da metade desse valor ideal.
  • Quem ganha um salário mínimo (R$ 1.502) recebe apenas 21% do necessário para viver com dignidade.

O cálculo leva em conta despesas com alimentação, moradia, transporte, saúde, educação, vestuário, higiene e lazer, refletindo o custo real de vida no país.

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A desigualdade social no Brasil também tem um forte recorte racial. Estudos anteriores do próprio Dieese e do IBGE mostram que pessoas negras, sobretudo mulheres negras, estão mais concentradas nos empregos de baixa remuneração e na informalidade.

Enquanto pessoas brancas estão mais presentes nos cargos com maiores salários, a população negra enfrenta maiores obstáculos para acessar oportunidades de trabalho digno e bem remunerado. Ou seja, os dados que mostram recorde no rendimento médio no Brasil escondem um abismo social e racial.

O boletim do Dieese reforça que, embora o mercado de trabalho brasileiro apresente sinais de recuperação, com mais empregos formais e melhora na renda média, isso não significa melhoria real para toda a população.

“O aumento do rendimento médio não resolve, por si só, a desigualdade social no Brasil. É fundamental investir na valorização do salário mínimo, na geração de empregos formais e no fortalecimento da negociação coletiva para reduzir desigualdades”, destaca o relatório.

Apesar do aumento no rendimento médio dos brasileiros, o valor ainda está muito longe do que seria necessário para garantir uma vida minimamente digna. A realidade é ainda mais dura para quem é negro, periférico e vive nos empregos mais precarizados.

Enquanto o país celebra indicadores de crescimento econômico, a maioria da população segue enfrentando dificuldades para pagar aluguel, alimentação, transporte e outras despesas básicas. O desafio do Brasil segue sendo transformar crescimento econômico em justiça social, racial e econômic

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