Por Dr. Saulo Gonçalves – Nutricionista Clinico
Segundo a coordenadora da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN), mais do que uma fonte de nutrientes, nesses sistemas, a comida precisa ser sustentável, ou seja, sua produção não pode promover a degradação ambiental. Diante disso, ela reforça a importância de incentivar a alimentação ancestral como forma de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
A relação da alimentação com nossa ancestralidade é um tema fascinante que nos conecta com as nossas raízes e nos ajuda a entender como os hábitos alimentares se desenvolveram ao longo dos séculos. Nossa ancestralidade desempenha um papel importante na formação de nossas preferências alimentares e nas escolhas que fazemos em relação ao que comemos.
Ao longo da história, os seres humanos se adaptaram a diferentes ambientes e disponibilidades de alimentos. Nossos ancestrais caçadores-coletores dependiam de alimentos encontrados na natureza, como carnes magras, frutas, vegetais e sementes. Essa dieta era rica em nutrientes essenciais, como proteínas, gorduras saudáveis e fibras.
Com o advento da agricultura, nossos antepassados começaram a cultivar e domesticar plantas e animais, o que trouxe mudanças significativas em nossa alimentação. Diferentes regiões do mundo desenvolveram culturas agrícolas distintas, resultando em dietas variadas que refletem as peculiaridades de cada sociedade.
MAS O QUE SIGNIFICA A ALIMENTAÇÃO ANCESTRAL?
Sabe quando saboreamos um prato que parece nos abraçar? Ou quando provamos um sabor que nos remete um lugar gostoso em nossa memória? Sabe aquele alimento que mais parece um remédio, não pelo sabor ruim, mas sim pelos benefícios que fazem ao nosso corpo, alimentos que nutrem, e até mesmo curam. Sem falar em técnicas antigas de cultivo, armazenamento e distribuição, que resgatam saberes ancestrais e modos simples e totalmente artesanais.
Por milhões de anos, nossos ancestrais desenvolveram uma relação íntima com a natureza, alimentando-se do que o ambiente oferecia de mais puro e nutritivo. Essa dieta, conhecida hoje como alimentação ancestral, não é apenas uma escolha alimentar; é um estilo de vida que se alinha perfeitamente com nossa biologia. Estudos mostram que povos que mantêm uma alimentação próxima à dos nossos ancestrais apresentam baixos índices de doenças crônicas.
A dieta ancestral é rica em alimentos integrais e naturais, tendo como base carnes variadas, ovos, gorduras naturais, verduras, legumes, raízes, frutas silvestres, cogumelos e nuts. Estes alimentos forneceram aos nossos antepassados a abundância necessária para o desenvolvimento do nosso
cérebro, catapultando a nossa espécie para o topo da cadeia alimentar.
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