Após a repercussão do caso, a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) informou que os presos passam bem
Um vídeo que começou a circular nas redes sociais mostra reeducandos passando mal no presídio Cyridião Durval, localizado na capital de Alagoas. De acordo com a gravação, que circula desde o último fim de semana, a situação é decorrente da superlotação das celas.
Nas imagens é possível observar cinco reeducandos no chão próximo à enfermaria da unidade. Segundo o narrador do vídeo, que não aparece nas filmagens, os internos teriam tido dificuldade para respirar por estarem acomodados em celas quentes e abarrotadas.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Policias Penais de Alagoas (Sindapen), Kleyton Anderson, apenas neste fim de semana pelo menos 11 reeducandos precisaram de atendimento médico. “Há celas feitas para dez pessoas e onde estão 63, e algumas ficam em áreas com incidência maior do sol e por isso ficam muito quentes, por isso alguns reeducandos sentem falta de ar”, explicou Kleyton. “Até mesmo quando vamos fazer a contagem dos presos às vezes não conseguimos ficar lá dentro muito tempo”.
A situação ganhou as redes sociais e também foi denunciada pela Agenda Nacional Pelo Desencarceramento, frente de entidades que luta pelos direitos humanos das pessoas presas. Em uma publicação no Twitter, o grupo lembrou que, segundo dados do Infopen/2019, 41% de todas as pessoas presas em regime fechado no Brasil são presos provisórios, ou seja, ainda não tiveram julgamento. No Brasil, entre os privados de liberdade, 61,7% são pretos ou pardos, segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Após a repercussão do caso, a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) informou que os presos passam bem. Eles estão no hospital de campanha do sistema prisional, por precaução. Além disso, será aberto um processo administrativo para se apurar as circunstâncias do episódio. A assessoria explicou ainda que todos foram atendidos pela equipe da Gerência de Saúde da Seris.
Pandemia agrava a situação dos presídios
A denúncia de superlotação no presídio chega durante o processo de pandemia de Covid-19, doença que atingi o sistema respiratório das pessoas e tem alta possibilidade de contaminação em espaços aglomerados.
Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), nenhum preso morreu vítima da Covid-19 em Alagoas. Foram confirmadas 44 contaminações e 13 casos suspeitos, com 44 pessoas recuperadas. Os dados oficiais são fornecidos pela Seris (Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social).
Ainda por causa da pandemia do novo coronavírus, as visitas aos presos estão suspensas desde março, o que, por consequência, vetou também a entrada dos familiares no sistema prisional para levar alimentos aos internos.