Familiares e amigos buscam entender se foi homicídio ou acidente e pedem justiça
Por Gabriel Ferreira
Amigos e familiares de Fábio Ribeiro Madeira, o Pelé, de 24 anos, realizaram uma carreata neste sábado (12) para homenagear o jovem negro, que faleceu em um acidente de trânsito – entre sua moto e um carro. A ação teve início na altura da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e passou por bairros como Triângulo, Vila Isabel e Cantagalo, em Três Rios (RJ).
Organizada por um grupo de amigos, composto por diversos motoboys da cidade, centenas de pessoas estiveram presentes. Além de aplausos para Pelé, gritos de “justiça” puderam ser ouvidos ao longo da movimentação.
De acordo com Fábio Lucas, amigo de Fábio Ribeiro e que faz parte do grupo organizador, a iniciativa foi uma forma de pressionar a justiça: “a gente não tem uma resposta. Tem câmera, mas não temos resposta. Ninguém fala se o rapaz, motorista do carro, foi notificado para comparecer (à delegacia)”.
Sobre Pelé, Fábio Lucas disse, ainda, que ele era um cara muito sonhador: “batalhou, correu atrás e conseguiu realizar o sonho, que era ter um ‘foguete’ (moto potente). Ele tinha o objetivo também de ser também motorista de caminhão. Falava disso o dia inteiro. Ele sempre falou que ia conseguir e isso foi interrompido”.
Fábio Ribeiro Madeira faleceu na madrugada da última segunda-feira (7) após se envolver em um acidente na Avenida Castro Alves, próximo ao Trevo da Boa União, por volta das 20h50 de domingo (6). Segundo alguns populares presentes no local, o motociclista, que realizava entregas, estava subindo, sentido bairro Purys. Testemunhas, que não quiseram se identificar, apontaram uma irregularidade em uma manobra por parte do motorista do carro, que, segundo uma delas, “atravessou a pista para entrar em um bairro – na contramão – ao invés de procurar a rotatória”. A ação não foi confirmada pela Polícia Militar.
Outra pessoa, que também não quis ter seu nome revelado, afirmou que o motorista não prestou socorro depois do ocorrido e, visivelmente, estava embriagado. “Ele estava meio doido”, disse. Depois disso,“o cara voltou chupando picolé, como se o Pelé fosse um objeto, como se nada tivesse acontecido”, completou.
Ainda de acordo com essa testemunha, quando questionados sobre os procedimentos, os policiais presentes no local disseram que “não podiam fazer teste do bafômetro e só na delegacia poderiam dizer o que iria ser feito, mas ninguém tem uma resposta”.
O SAMU, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, chegou a socorrer o jovem com vida, mas ele não resistiu. A causa da morte, no entanto, não foi informada. O motorista envolvido na colisão passa bem.
A polícia afirma que investigações sobre o ocorrido estão em curso
Conforme a Polícia Militar de Três Rios, o motorista do carro “não estava visivelmente embriagado, aguardou após o ocorrido e foi conduzido à delegacia”. Ainda segundo a instituição, caso os policiais presentes na ocorrência observassem que o condutor estava embriagado e ele se recusasse a fazer o teste do bafômetro, outro tipo de exame seria feito, o que não foi necessário. A Polícia disse, ainda, que as investigações sobre o ocorrido estão em curso e, posteriormente, as medidas cabíveis serão tomadas. Vídeos de câmeras de segurança serão utilizados na investigação.