Um estudo divulgado nesta quarta-feira (04), do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss, em inglês), mostra que 51% das crianças brasileiras do 4º ano do ensino fundamental não dominam habilidades básicas de matemática.
A Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), responsável pelas provas, aplica a avaliação a cada 4 anos desde 1995, mas essa é a primeira vez da participação brasileira no exame. Em 2022, o Brasil aderiu ao estudo e a primeira aplicação foi realizada entre agosto e setembro de 2023.
Nesta participação, tabuadas, gráficos simples, diminuir e somar números de 3 algarismos são dispostos, mas os participantes não chegaram a atingir nem o nível de pontuação considerado “baixo”. A média do Brasil ficou na frente apenas de 3 dos 64 países que participavam, África do Sul, Marrocos e Kuwait.
Dos participantes do 4º ano, 5% tiveram o pior rendimento, somando um total de 259 pontos. “São crianças de 9 anos: é muito cedo para estarmos tão atrasados. Nosso desempenho ficou próximo ao de países africanos com PIB menor do que o nosso”, disse Ernesto Faria, especialista em avaliação de políticas públicas educacionais e diretor-executivo do Iede.
“Isso significa que eles basicamente não reagiram à prova. Não sabiam responder, porque era muito difícil para eles”, explica o especialista.
Na entrevista com o G1, Farias aproveita pra para ressaltar que no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Seab), o desempenho também é preocupante, pois de 0 a 10, alunos ficam no patamar 3 de domínio de matemática, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A dificuldade do Timss é maior que o do Seab para crianças dessa idade.
“Precisamos subir a régua. A nossa está muito baixa, e as redes de ensino costumam se guiar pelo que é cobrado nessas avaliações. O ideal seria ter uma mistura nacional entre o básico, que já é medido pelo Saeb, e o mais complexo, exigido pelo Timms.”, completa o diretor-executivo.
A escala do exame é dividida em 4 níveis de corte e mais baixo, é de 400 pontos. Os níveis ajudam a categorizar os níveis dos alunos e refletem a capacidade em áreas como matemática e ciências. Apenas 20% dos alunos sabem explicar coisas consideradas de domínio cognitivo em matemática.
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