Uma mulher de 59 anos foi resgatada no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro, após passar 46 anos em condições descritas como semelhantes à escravidão, trabalhando para uma família, sem receber. A ação de resgate foi realizada em colaboração entre o Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), a Auditoria-Fiscal do Trabalho e com o apoio da Polícia Federal.
Conforme relatos dos responsáveis pela operação, a mulher também não tinha períodos de descanso, permanecendo à disposição da família de maneira contínua. O resgate foi realizado no dia 2 de julho e só foi divulgado nesta quarta-feira (24), após a resolução de todos os trâmites trabalhistas e financeiros.
A vítima não tinha conta bancária e não mantinha contato com familiares, já que saiu de Pernambuco em 2016. O Ministério Público do Trabalho (MPT) formalizou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o empregador, assegurando o reconhecimento do vínculo empregatício e o pagamento dos salários e demais direitos trabalhistas retroativos, além de uma indenização por dano moral.
A mulher resgatada conseguiu um acordo que resultou em um total de R$ 768 mil. Agora, ela retornará para Pernambuco.
Antes de voltar para terra natal, ela realizou o sonho de conhecer o Cristo Redentor, algo que nunca tinha feito nos oito anos em que morou no Rio de Janeiro.
Brasil resgatou 3,1 mil trabalhadores escravizados em 2023
Em 2023, o Brasil resgatou 3.151 trabalhadores em situações semelhantes à escravidão, o maior número desde 2009, quando 3.765 pessoas foram resgatadas. No entanto, esse aumento reflete uma regressão, pois o país enfrenta um déficit de auditores fiscais do trabalho, o menor em 30 anos.
Com esses dados, o número de trabalhadores flagrados em situação análoga à escravidão desde a criação dos grupos de fiscalização móvel, em 1995, subiu para 63,4 mil.
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