O F Bank, banco das favelas, será lançado em setembro deste ano por Celso Athayde, fundador da Cufa e CEO da Favela Holding, e por José Renato Hopf, fundador da GetNet e do Grupo Four. A intenção é atender as 5 mil favelas do Brasil. Em entrevista ao Notícia Preta, Celso Athayde explicou como a instituição financeira vai atuar.
“Esse não é um banco para tirar dinheiro da favela, mas sim para integrar a favela ao mercado financeiro. Um banco que potencializa as virtudes da favela, um banco que não precisa dizer que tem finalidade social porque já nasce dentro do movimento”, disse Athayde.
O pré-lançamento será feito na próxima quinta-feira (21), no evento South Summit Brazil, que será realizado em Porto Alegre. Mas até o momento, ainda na fase piloto, já conta com mais de 30.000 clientes. Celso também fala sobre a importância de falar sobre economia dentro da favela, e o impacto gerado pelo novo banco.
“Na verdade, a inclusão financeira é fundamental, a educação financeira é fundamental, e os bancos não conseguem fazer isso porque não têm a linguagem da favela, não têm linguagem da periferia. As pessoas nem entendem que serviços são esses que os bancos estão oferecendo, elas têm dificuldade de pagar porque não sabem nem o que elas fizeram, as taxas são muito altas. Então esse é um banco, na verdade, quer dizer vai ser o primeiro banco de favela, porque os outros não são bancos são (fintech)”, ressalta.
O F Bank funciona em modo piloto desde março de 2023. Durante o período de testes, o banco fez em média 2.500 transações por dia para 29.700 clientes, gerou cerca de 17.600 chaves PIX e movimentou 21.800.000 reais. Segundo a instituição financeira, eles buscam novos investidores, assim, se apoiam no potencial das favelas brasileiras como mercado.
“Esse é um banco registrado pelo banco central. Já tive outras oportunidades, a gente fez o CUFA Card. Mas esse é um banco completo, com parceiros como o BTG. Então, em nível de tecnologia, recursos, conhecimento de banco, não vai faltar. O que faltava era um banco que tivesse o DNA da favela, que tivesse o compromisso com a favela, que tivesse a experiência da favela, por isso a gente só vai lançar em setembro“, destacou Celso ao NP.
Para ele, foi importante fazer um estudo e testes desde março do ano passado, para poder apresentar um banco que ofereça uma série de serviços e produtos de qualidade para os moradores da favela. Inclusive, conforme Athayde, parte da receita desse banco ficará na favela, e ainda completou:
“Esse banco vai ser o primeiro banco digital do mundo que vai ter gerente, então serão 5.000 gerentes que farão parte do conselho, então esse é um banco que ele tem, na verdade, o compromisso com essa população, não é banco para tirar dinheiro da favela, mas é um banco para poder integrar a favela ao mercado financeiro, no mundo financeiro e as oportunidades econômicas.
O F Bank terá por volta de 5.000 gerentes em 5.000 favelas. A concepção é utilizar as casas das lideranças da Central Única de Favelas (CUFA), co-fundada por Athayde, como base dos atendimentos, seguindo os modelos de uma agência bancária.
Além disso, os gerentes serão pessoas locais, que têm mais familiaridade com os moradores e são capazes de usar uma linguagem mais acessível, sem o famoso “financês”, assim, com a finalidade de oferecer serviços de maneira mais facilitada.
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