Os moradores da região do rio Mamuru denunciaram ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Governo federal a retomada de atividades ilícitas nesta região, entre os estados do Pará e do Amazonas. Em 2021, a Policia Federal (PF) fez a maior apreensão de madeira ilegal nesta localidade, e segundo os ribeirinhos, as extrações ilegais tiveram um aumento em decorrência do atual período das cheias.
De acordo com as entidades que denunciam as atividades, a retirada ocorre nas comunidades Igarapé Açu, Semeão, Ponta Alta e outras banhadas pelos rios Mamuru e Uaicurapá. Além disso, o carregamento segue pelo Paraná do Ramos, braço do rio Amazonas.
Com o crescimento das cheias, as comunidades apontam que as movimentações ganharam força, com a circulação de balsas com um grande volume de lenha. Porém, com base nas denúncias, essas ações também eram constantes mesmo durante a elevada estiagem que ocorreu no ano passado.
“Agora que a água começou a subir, eles entraram de maneira terrível, levantando maquinários novos e estão devastando terrivelmente, entrando na área do Amazonas, nas comunidades de Igarapé-Açu e Ponta Alta. Estão saindo diariamente duas ou três balsas”, relatou o Padre Manoel, integrante da Comissão Pastoral da Terra do Baixo Amazonas, em entrevista ao Jornal A Crítica.
A Comissão é uma das entidades que denunciam a exploração na região, junto de outras organizações como o Coletivo em Defesa do Rio Mamuru Confluência Amazonas Pará e Adjacências e Comissão de Defesa dos Direitos Humanos de Parintins e Amazonas.
Em nota, a Secretária de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS) ressaltou que “vem intensificando as ações de combate ao desmatamento e extração ilegal de madeira na região”. Por outro lado, o Ministério Público do Amazonas informou que “ainda esta fazendo uma analise dos processos e dos procedimentos correlatados”.
Essa região é alvo de cobiça há mais de uma década, e ganhou mais destaque em 2021, com a operação realizada pela Policia Federal, que deteve aproximadamente 226 mil metros cúbicos de lenha. O suficiente para encher 19, 6 mil caçambas de caminhão.
Conforme pesquisadores, mais de 95% do desmatamento na Amazônia é ilegal, e os impactos da retirada ilícita pode ocasionar perda da biodiversidade, aumento do risco da extinção de animais silvestres, serviços ecológicos prestados pela floresta, como a manutenção do clima e do ciclo hidrológico entre outros fatores.
Leia também: Lula propõe parceria com países africanos para combate ao desmatamento