Por Preto Gourmet
Terroir significa, na tradução livre, território – mas, no mundo do vinho, significa “tudo aquilo que dá origem ao vinho” segundo a sommelière Carol Sousa. No boêmio bairro do Rio Vermelho, na capital mais alegre do Brasil, você encontra um território de vinhos comandado por uma mulher preta super empoderada e conhecedora do mercado e dos produtos que vende. Carol Sousa é a empresária à frente de uma proposta disruptiva na capital.
É uma proposta disruptiva na minha concepção porque envolve a intersecção: uma mulher preta que é empresária e sommelière (essas duas últimas características não são lidas como “normais” para o público-alvo do mercado que Carol atua). Embora Salvador seja a cidade mais preta do planeta fora de África, ser mulher preta, empresária e conhecedora de vinhos é sim uma “afronta” ao sistema.
Crédito: Divulgação
Conheci o Terroir em 2023 com uma indicação de Jacson Araújo do Restaurante Manga em Salvador (ganhador na categoria Hostess do Prêmio Gastronomia Preta). Em 2024, novamente, fui apresentado ao Terroir pela sommelière Patrícia Brentzel – também ganhadora do prêmio na categoria Sommelier em 2023. E nessa nossa rede de acolhimento e querer bem, conheci Huber Clemente e o coletivo Afrovinho; e, fui participar de um evento no Terroir que valoriza o poder do povo preto na produção de vinhos; nossos relacionamentos e o entendimento do poder da Economia Pretagonista.
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No Terroir o cliente tem duas opções: escolher o vinho e sentar para experimentar alguns petiscos ou colocar seu vinho na sacola e ir para casa. O foco do empreendimento comandado pela sommelière Carol Sousa é em vinhos orgânicos, naturais e sustentáveis; além da promoção da cultura e o empoderamento de pessoas pretas. O ambiente é sofisticado e aproxima o cliente dos funcionários da casa e da sommelier.
Na edição do Afrovinho (em Salvador), em que estive presente, o foco foi valorizar a vinícola Sítio Rosa do Vale, na cidade de Poço das Antas no Rio Grande do Sul – comandado por Irani e Miriam. Miriam é uma empresária negra e que traz sua ancestralidade para os vinhos – como por exemplo, a Pisa da Uva com Samba. Alguém já ficou com vontade de sambar na uva?
Se em algumas plataformas com recorte racial há um apagamento de sommeliers pretos e pardos com o argumento de não conhecê-los – e isso acontece por não pesquisar ou por não ter pessoas influentes no setor de A&B – aqui nós apresentamos o Terroir, Carol Sousa e ainda destacamos tantos outros profissionais como Patrícia Brentzel (SP), Patrícia Penha (BA), Renato Neves (RJ), José Honorato (RJ), José Eduardo (SP), Antônia Cruz(SP) e Samuel Souza (BA) que são profissionais com excelência. É só conversar com algumas pessoas do setor para conhecer profissionais de excelência.
Somos porque Somos!
Curiosidade que aprendi com Carol Sousa: sommelière é o feminino de sommelier no francês. Pode parecer óbvio para quem estudou francês, mas eu não estudei e talvez muitos leitores também não.
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