Pela primeira vez na história, uma deputada negra ocupará uma das 63 cadeiras da Assembleia Legislativa da Bahia. O Estado, que tem 81,4% da população auto declarada descendente de africanos (60% pardos e 21,4% pretos), elegeu a professora Olívia Santana (PCdoB), com 57 mil votos.
Filha de empregada doméstica com um marceneiro, a Deputada, de 51 anos, tem uma longa carreira na vida pública. Olívia começou na política em 1988 e, desde então, já ocupou os cargos de secretária de Educação e Cultura de Salvador e secretária do Trabalho no governo do estado. Foi também vereadora em Salvador por 10 anos.
Quando questionada sobre a importância de sua eleição, Olívia ressalta a necessidade de termos mais negros e negras ocupando os espaços políticos: “Queremos ser o comum, não o inusitado. Espero que essa polêmica toda sacuda a sociedade baiana. O racismo está no Brasil todo, mas na Bahia deveria ser comum que mulheres negras ocupem espaços de poder na política. Mas o que vemos é que isso é incomum”.
Olívia Santana integrou o movimento estudantil, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde cursou pedagogia e fundou a União de Negros pela Igualdade (Unegro) – entidade que tomou corpo e virou braço antirracista do PCdoB, único partido no qual deputada eleita militou.
“A educação para mim é a porta. Todo negro e toda negra precisa ter oportunidades educacionais”, diz a Deputada eleita. Nascida em uma família pobre que morava em favela de palafitas em Ondina, Olívia começou a trabalhar aos 14 anos. Sua mãe nunca foi à escola. Ela, porém, queria outro rumo. “Decidi que não ia repetir a história.”
Enquanto secretária de Educação e Cultura de Salvador em 2005, implantou o estudo da cultura afro-brasileira nas escolas e chegou a ser cotada para concorrer à prefeitura de Salvador em 2016.