Em uma matéria veiculada no site G1, a Globo chama de “estudante” um homem que portava 34 quilos de maconha, em Floresta, sertão de Pernambuco.
Essa é a diferença de tratamento da mídia tradicional, extremamente branca, para as mídias negras. Caso esta proporção de droga fosse apreendida com um negro, ou em alguma favela, qual seria o título? “TRAFICANTE é preso com 34 quilos de maconha”. 34 quilos de droga não é para uso individual e recreativo, é tráfico de entorpecentes.
Outro ponto a se questionar é por que os “estudantes” presos com drogas nunca são expostos pela mídia tradicional enquanto os “traficantes”, no meio das vilas e favelas, são achincalhados por esses mesmos veículos?
Ressaltamos que isso não é novidade, muito pelo contrário, já é uma praxe dentro das redações. Para citar apenas um exemplo, em 2015, o mesmo G1 fez duas matérias distintas, falando sobre o mesmo assunto. Em 17 de março, a manchete trazia o texto “Polícia prende traficante com 10 kg de maconha”. Pouco mais de uma semana após esta prisão e apreensão de drogas, dia 27 de março do mesmo ano, o site jornalístico divulgou outra matéria com a seguinte manchete: “Polícia Prende jovens de classe média com 300 kg de maconha no Rio”. Exatamente! 10 kg já configura tráfico, mas 300 kg, não. O que mostra exatamente o tratamento que é dado a cada tipo de abordagem.
A escritora nigeriana, Chimamanda Ngozi Adichie, escreveu em um artigo, publicado no The New York Times, que o Brasil ainda vive um processo de negação que é reforçado pelos grandes veículos de imprensa. “E assim continuaremos enquanto minimizarmos os preconceitos e isentarmos de responsabilidade uma mídia que, até em pequenos detalhes, dissemina segregação”.
Deixando bem escuro que o Notícia Preta não está querendo passar pano para nenhum, nem outro, mas sabemos para quem a mídia branca trabalha e como eles vêem os negros e moradores de comunidades periféricas.
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