3ª edição da Mostra de Cinema IFÉ marca a importância da diversidade nas produções audiovisuais 

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Gratuitamente, a mostra acontece nos dias 28 e 29 de setembro, na capital fluminense, no espaço Cinema Nosso, na Lapa, e exibe “Remendo”, filme ganhador do Kikito de melhor curta no Festival de Gramado

A 3ª Mostra de Cinema Ifé acontece gratuitamente, nesta quinta-feira (28) e sexta-feira (29), no Cinema Nosso, localizado no bairro da Lapa, no Rio. Em seu terceiro ano, o evento reforça a urgência de projetos realizados por pessoas negras, indígenas e LGBTQIA+ pelo Brasil, frente a um tempo em que as discussões sobre representatividade nas produções audiovisuais no cenário nacional estão cada vez mais em evidência. 

A programação deste ano traz quatro sessões com exibição de 20 curta-metragens. Entre as películas está o premiado “Remendo”, com direção de Roger Ghil, ganhador do Kikito de melhor curta brasileiro no Festival de Gramado de 2023. A mostra traz ainda os filmes “Nossa Mãe Era Atriz”, de André Novais e Renato Novais; “O Poder da Trava Que Ora”, com direção de Ventura Profana; “À Sombra do Mar”, de João Vitor Pires; e “Escasso”, das diretoras Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles.

A programação completa pode ser acessada em www.mostraife.com.br

Além das exibições, os participantes e amantes do cinema terão acesso às oficinas sobre produção de curta-metragem e fotografia, além de painéis formativos sobre temas relacionados à cadeia produtiva do audiovisual. O intuito é oportunizar um espaço crítico, diverso, plural e que seja ponto de partida para a elaboração de novos projetos. 

Evento é gratuito, e acontece durante dois dias, no Rio de Janeiro /Foto: Divulgação

A retirada dos ingressos para as sessões de filmes e painéis é realizada gratuitamente pelo Sympla. Já as inscrições para as oficinas seguem até dia 27 de setembro. Ambas podem ser acessadas através do perfil da Mostra IFÉ no Instagram ou no link www.linktr.ee/mostraife

Após colecionar os sucessos das edições anteriores – de formas online e presencial – a mostra reúne obras elaboradas por grupos historicamente excluídos do audiovisual brasileiro, além de fomentar questões acerca de ferramentas técnicas relacionadas aos trabalhos difundidos pelas telonas. “A ideia é disseminar narrativas, diversificar essa cadeia produtiva do audiovisual, visibilizar corpos e vozes que são sistematicamente silenciados e promover encontros entre realizadores e o público”, ressaltou a diretora e coordenadora de produção, Ana Beatriz Silva.

Do figurino à maquiagem. Da direção de arte aos efeitos sonoros. Dos ensaios ao texto decorado pelos atores na hora da gravação. São muitas mãos por trás dos bastidores antes da produção ser exibida em uma lotada sala de cinema. “Nosso objetivo é reunir durante um período em um local, obras audiovisuais de realizadores e coletivos negros e indígenas com o recorte de gênero e sexualidade. Um desejo de celebrar e afirmar um cenário de produções de estéticas, linguagens e histórias singulares que contribuam e renovem o audiovisual brasileiro”, revela Ana Beatriz. 

A diretora e coordenadora de curadoria e programação, Mariana Campos, afirma que promover espaços de problematização e desconstruir imagens estereotipadas nesta indústria contemporânea faz parte das intenções. “Conhecer os feitos de cineastas negros e indígenas é também um meio de descolonizar o pensamento sobre o cinema e ampliar o repertório de representações sobre a pluralidade presente nas experiências de subjetivação no fazer cinema, a partir de um discurso produzido por cineastas dissidentes”, pontuou. 

De acordo com Mariana, a feira busca ainda se firmar na cidade do Rio de Janeiro como um espaço de referência no que se refere à diversidade nas produções cinematográficas pretas e indígenas do país. “Apresentaremos obras de diversos estados brasileiros, visando promover melhor  o fomento à produção audiovisual preta, indígena e LGTBQIA+. Além disso, criar também um espaço de formação de público e capacitação profissional na área”, reforça. 

Com apoio da Riofilme, através dos editais de Ações Locais e Mostras e Festivais, a mostra, realizada pela Timoneira Produções Artísticas, é idealizada por duas mulheres negras e lésbicas. A iniciativa  traz consigo o pioneirismo, se consolidando como uma referência dentro dessa segmentação em prol de um público invisibilizado pela sociedade. 

Fazendo alusão a “ifé”, que na língua yorubá significa “amor”, a 3ª Mostra de Cinema IFÉ tem como premissa fazer e pensar cinema em sua multiplicidade narrativa e identitária, quebrando estereótipos, rompendo tabus e mitigando preconceitos. “Nossa expectativa para esta edição é garantir um espaço de encontros, disparador de ideias e reflexões. Um evento com uma programação inclusiva e potente de imagens e narrativas”, destacou Ana Beatriz. 

A roteirista e jornalista Flávia Vieira comanda o painel Roteiro – Da formação à sala de roteiro: caminhos possíveis / Foto: Divulgação

SERVIÇO: 

3ª Mostra de Cinema IFÉ

Data: 28 a 29 de setembro de 2023

Local: Cinema Nosso, Rua do Rezende, 80, Lapa, Rio de Janeiro

Entrada Gratuita

Retirada dos ingressos no site Sympla

Classificação livre

FICHA TÉCNICA:

Realização: Timoneira Produções Artísticas

Direção: Ana Beatriz Silva e Mariana Campos

Coordenação de Produção: Ana Beatriz Silva

Coordenação de Curadoria e Programação: Mariana Campos

Curadoria: Milena Manfredini e Rafael Bqueer

Coordenação de Ações Formativas: Gabriela Gonçalves

Assistente de Produção: Bruna Aguiar

Coordenação de Comunicação: Ivana Dorali

Designer gráfico: Terê Dantas

Coordenação de Pós: Bebel Rodriguez 

Edição de vídeos: Bebel Rodriguez e Mayara Josephino

Filmmaker – Luis Gomes

Fotografia: Larissa Lopes

Social Media: Luanna Mendes

Assessoria de Imprensa: Laís Monteiro / Monteiro Assessoria

Website: Agência Canzar

Assessoria Contábil: Jopec Assessoria Contábil

PROGRAMAÇÃO COMPLETA – 3ª MOSTRA DE CINEMA IFÉ:

Quinta-feira – 28/09/23

13H ÀS 16H  – OFICINA

Criando Um Curta-Metragem – Tecnologias Do Território Onde Habito                                         

com Felipe Dutra

Sobre a oficina: O que é tecnologia? Será que podemos aprender e identificar tecnologias diferentes nos territórios em que vivemos? Nesta oficina “Criando um curta-metragem – Tecnologias do território onde habito”, iremos aprender sobre o processo de criação de um roteiro, técnicas de fotografia para cinema, captação de som e pós-produção, para construir de forma coletiva um curta-metragem de até 1 minuto a partir do tema “Lugar onde habito”, refletindo sobre as tecnologias existentes nos territórios em que moramos.

14H – Sessão 01 – Programa 01: MEMÓRIA DO TEMPO E MOVIMENTO ESPIRALAR

Sinopse: Os filmes que aqui se avizinham revolvem de seis modos singulares temporalidades históricas, geológicas, espirituais, corporais e afetivas. E nos convidam a contemplar a memória que as temporalidades abrigam e seus movimentos espiralados que borram fronteiras, espaços e planos. Estamos diante de obras que mergulham com fôlego em águas profundas no desejo de demarcar a nossa origem e a partir dela propor novos imaginários poéticos de reverência a quem verdadeiramente pavimentou nossas vias de acesso.

Filmes: 

DO MAR AO RIO: GÊNESIS DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA, Nay Jinknss 

DANÇA, Iris de Oliveira 

ESCAVAÇÃO, Alex Reis

OS VERDADEIROS LUGARES NÃO ESTÃO NO MAPA, João Araió 

ALÁGBEDÉ, Safira Moreira 

NOSSA MÃE ERA ATRIZ, André Novais e Renato Novais 

15H30 – [Painel] Roteiro – Da formação à sala de roteiro: caminhos possíveis – Parceria com Paradiso Multiplica

com a roteirista jornalista Flávia Vieira

Sinopse: Existe um caminho certo para se inserir no mercado de roteiro de audiovisual? Neste painel, a roteirista Flávia Vieira irá apresentar as habilidades e técnicas fundamentais para a profissão a partir de exemplos práticos de sua carreira, que perpassa por roteiros de séries, podcast, programas de tv, curtas e longas-metragens.   

18h – [Painel] Fabulando Futuros: Refletindo sobre gestão pública e diversidade

com Janaína Oliveira ReFem, Adenilson Honorato e Rollo.

Sinopse: São inúmeros os desafios que o setor da cultura vem enfrentando nos últimos anos, e atualmente estamos presenciando um movimento de esforço de retomar os investimentos na área por parte das gestões públicas em âmbito federal, estadual e municipal. Neste painel, iremos debater como as gestões públicas estão encarando esses desafios, buscando uma análise que perpassa pelas questões de diversidade de raça, gênero e de sexualidade.

20h30 – Sessão 02 –  – Programa 02: TECNOLOGIAS DE GUERRA E CURA

Sinopse: Corpos-corpas sagradas evocam palavras e gestos de paz e cura, nos apresentam símbolos de contra narrativas, reinventam o sentido da liberdade em um país marcado pelo trauma colonial. Como a ficção pode nos ajudar a lidar com a realidade? Essas produções nos convidam a rever arquivos, suas tecnologias ancestrais produzem coreografias de luta e leveza, viajam no tempo sem medo, bailam em luzes cósmicas, dão-se as mãos levando consigo as realezas faveladas. Transformar o choro em gozo, dobrar a língua em direção ao céu da boca e destravar todas as armadilhas.

Filmes:

SOLMATALUA, Rodrigo Ribeiro-Andrade 

O TRAUMA É BRASILEIRO, Castiel Vitorino Brasileiro e Roger Ghil

CHAKAL, IVY 

QUEM TEM CORAGEM?, Pavuna Kid 

O PODER DA TRAVA QUE ORA, Ventura Profana 

Sexta-feira – 29/09/23

13H ÀS 16H  – OFICINA

Oficina de fotografia – Desconstruir o equipamento para Construir imagens

com Marina S. Alves

Sobre a oficina: É interessante pensarmos a fotografia como uma tecnologia que ao mesmo tempo que nos desafia a olhar para um possível futuro que podemos criar, é capaz de captar o presente e  contribui para o resgate de memórias de um passado. Como a fotografia pode nos ajudar a construir uma concepção mais diversa sobre o mundo?

Nesta oficina iremos apresentar as técnicas de enquadramentos e iluminação para captura de fotografias compreendendo essa ação como uma forma de contar e registrar histórias que acontecem no aqui e no agora, a partir de um futuro a ser criado.

Iremos falar sobre: Fotografia como uma tecnologia; A importância dos enquadramentos para o registro de uma história e o poder da iluminação no registro fotográfico.

14h – [Painel] Desdobrando as imagens: Refletindo sobre montagem e pós produção (com intérprete de libras)

com Bruno Ribeiro, Juliana Barauna e Natara Ney

Sinopse: Este painel tem por objetivo dialogar sobre o papel da montagem em uma obra

audiovisual, os recursos e capacidades que devem ser desenvolvidos pelos profissionais atuantes nessa área, ao longo do encontro serão analisadas obras realizadas pelos convidades.

16h30 – Sessão 03  – Programa 03: MEMÓRIA, DIÁSPORA E REINVENÇÃO

Sinopse: Quem nomeia os nossos caminhos? Nossos pés carregam as poeiras de muitas encruzilhadas, as vozes remendam as memórias de outras vidas, olhares e traços guiam as linhas de raízes e sombras que abraçam a floresta. Este núcleo fala das diásporas vivas, semeiam a união entre o novo e o velho, reinventa mitos e lugares mágicos acreditando na potência do passado e no futuro das pretitudes.

Filmes:

MINHA CASA MINHA ENCRUZILHADA, QUANDO MEU PRIMEIRO GRADIENTE VOLTAR A FUNCIONAR, Fernando Porto
SUELLEN E A DIÁSPORA PERIFÉRICA, Renaya Dorea
REMENDO, Roger Ghil
ALEXANDRINA-UM RELÂMPAGO, Keila Sankofa

18h – [Painel] Tecnologias dos Imaginários: Refletindo sobre a função de curadoria (com intérprete de libras)

com Milena Manfredini, Kariny Martins e Osmar Paulino

Sinopse: A curadoria é uma importante função no meio artístico.Este painel tem por objetivo dialogar sobre o papel da curadoria nas artes e refletir sobre as implicações de um processo curatorial .

20h30 Sessão 04 – Programa 04: ALTERIDADES E FABULAÇÕES DISSIDENTES (com intérprete de libras)

Sinopse: Os filmes deste programa nos apresentam diferentes perspectivas para pensarmos territórios, memórias e afetos. Obras que partem da fabulação para reposicionar nossas existências e narrativas num mundo fraturado. Estamos diante de uma constelação fílmica que parte de investigações poéticas e políticas para narrarem-se a si e aos seus, de forma tal que não sejam esmagadas pelas fantasias e projeções coloniais.

Filmes:

AS LAVADEIRAS DO RIO ACARAÚ TRANSFORMAM A EMBARCAÇÃO EM NAVE DE CONDUÇÃO, kulumym-açu
AMARO, Otávio Conceição
À SOMBRA DO MAR, João Vitor Pires
PERPÉTUO, Lorran Dias
ESCASSO, Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles

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