Coletivos periféricos do Rio de Janeiro fomentam ações em defesa da democracia

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Na reta final do 1º turno das eleições de 2022, o Seja Democracia, frente de formação política do Instituto Maria e João Aleixo está realizando uma ação coletiva com grupos sociais do Rio de Janeiro sobre o processo democrático e o combate às fake news nas comunidades, favelas e periferias do estado

Para Lívia Santos, coordenadora de mobilização do coletivo Ressuscita São Gonçalo, a democracia é uma construção permanente e o papel dos mobilizadores sociais é atingir a massa. Ela relata a dificuldade de “furar a bolha da desinformação” na qual grande parte dessa população está inserida. Os coletivos entram nesse contexto de promover a democratização desses debates.

“Essas pessoas estão há anos buscando lutas que não suas. As lutas não são delas, são colocadas para elas, são impostas para elas. Aquilo elas estão fazendo e observando não conversa com elas”, diz Lívia.

Ação Comitê Ressuscita São Gonçalo- Crédito: divulgação

Democracia para pessoas em vulnerabilidade

O Babalorixá Joaquim Azevedo, fundador da Associação Odara Social, localizada em Saracuruna, Duque de Caxias, afirma que a instituição nasceu do desejo de amparar os moradores da localidade que, segundo ele, foram esquecidos pelo Estado. Joaquim acredita que é necessário retirar as pessoas da situação de vulnerabilidade socioeconômica para que elas se sintam parte do processo democrático.  

“Começamos prestar assistência alimentar e hoje temos o compromisso mensal com cerca de 100, 150 famílias, das 450 que nós temos cadastradas. Estamos no segundo passo, que é atender mulheres negras, mulheres periféricas, fazendo com que elas tenham acesso à educação básica, formação social e política. Para que assim a gente possa mudar esse quadro de extrema vulnerabilidade. Fazer com que elas se insiram no quadro de cidadãs potentes que elas são, para que possam, de alguma forma, fazer com que as vidas de seus filhos sejam modificadas”, diz o líder do Comitê de Favela.

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Ação Comitê de Favela- Crédito: divulgação

O papel dos negros na defesa da democracia  

Historicamente, as populações negras e periféricas atuam na luta pela garantia de direitos. Essa é uma das pautas defendidas pelo Comitê Complexo da Mangueirinha, ligado ao espaço de formação política Seja Democracia. O Comitê, liderado pelo articulador social Jones de Oliveira, realiza rodas de conversa para conscientizar a comunidade sobre a importância da democracia no território em que residem.

Jones ressalta que homens e mulheres negras precisam refletir sobre a situação de exploração que lhes foram impostas. E se organizarem para que não haja um retrocesso dos direitos conquistados.

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“Hoje em dia que estamos conseguindo acesso. Conseguimos ter homens e mulheres negras como doutores, advogados. A gente tem que bater nessa tese porque foi muito difícil, lá trás, para nossos ancestrais, que lutaram pela nossa sobrevivência.  A gente não pode perder essa democracia, a gente tem que lutar por ela”.

Os coletivos formam uma ponte entre os moradores das periferias e a política. De modo que os grupos dialogam sobre a importância da democracia, entre outros temas importantes na questão social. Além disso, os coletivos provem acesso a informação e amplia o debate.

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