Virgínia Fonseca na CPI das BETs e o escárnio político rindo nas nossas caras

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Por Igor Rocha*

Na última terça-feira, dia 13 de maio, a “influenciadora digital” Virgínia Fonseca foi “convidada” a depor na CPI das Bets para prestar esclarecimentos sobre seus ganhos e as publicidades feitas, em suas redes sociais, para jogos digitais como o famigerado Tigrinho. 

Ela, branca, rica e mergulhada em privilégios, como era de se esperar, foi ao Congresso vestida de mocinha, só faltou o cabelo amarrado, com rabo alto. Fora isso, vestiu todo o figurino de menina (branca) inocente, que é injustiçada pela opinião pública. Quase uma Suzane Von Richthofen. 

Durante a sessão houve um verdadeiro show de horrores, desde falta de articulação da própria Virgínia, que não consegue formular duas frases seguidas, até o não arrependimento por ter feito publicidade e ganhado milhões com os jogos de azar – o que seria óbvio – que ela promove. 

Virgínia Fonseca durante a CPI das Bets /Foto: Andressa Anholete – Agência Senado

Porém, o que chama atenção é a forma como os políticos brasileiros agem quando estão frente a frente com esse tipo de pessoa. Para ser mais específico, vou falar do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e da vergonha que ele fez boa parte do Estado de Minas Gerais passar. 

Num país onde cerca de 2 milhões de pessoas são consideradas viciadas em jogos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o referido representante de um dos estados mais ricos do Brasil usou o espaço que tinha para elogiar e tirar fotos com a testemunha ao invés de fazer perguntas que trazerem à luz esse projeto obscuro de retirar dinheiro de pessoas que precisam de tratamento. 

A forma mais “agressiva” que ele se dirigiu a ela foi quando disse que espera “que ela comece a divulgar para as pessoas não jogarem mais”. Isso é rir na cara da sociedade brasileira, desde quando alguém que ganha milhões com determinada plataforma vai campanhar para que pessoas não utilizem sua fonte de renda? 

O vício em jogos é um transtorno sério que afeta a vida pessoal, profissional e social das pessoas. Um político que foi democraticamente eleito para defender os interesses da população não pode, em nenhuma hipótese, compactuar com situações como essa que foi vista no Senado Federal. 

Pelo visto, uma das poucas pessoas que levaram a sério a “entrevista” com a “influencer”, foi a Senadora Soraya Thronicke, que fez perguntas pertinentes e bem embasadas, tirando o conforto que outros políticos brasileiros deram a tal da Virgínia Fonseca. 

Em relação ao tal do Cleitinho, o pedido de fotos e vídeos para filha e esposa só mostra o escárnio que os políticos brasileiros têm em relação à população brasileira. Eles recebem para isso e custa caro manter um senador da República! 

*Igor Rocha é jornalista, redator jornalístico, assessor de imprensa com ampla experiência na área, videomaker, por cinco anos foi editor do Notícia Preta.

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