“Viemos pedir mais respeito, menos intolerância religiosa, menos preconceito”, diz Ogan durante festa de Iemanjá no Rio

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Nesta sexta-feira (02), ocorreu mais uma edição da Festa de Iemanjá no Arpoador, Rio de Janeiro. O Notícia Preta acompanhou o cortejo e a entrega dos presentes feita por líderes religiosos e fiés. O Ogan Ricardo, do Ila Sode, de 48 anos, é do Candomblé desde os 6 anos, e também é integrante do Afoxé Oré Lailai, que embalou o cortejo ao som dos atabaques.

“Viemos pedir mais respeito, menos intolerância religiosa, menos preconceito, mais união… os irmãos de toda a religião precisam se unir mais, se amar mais e respeitar mais, pois Iemanjá e os orixás não julgam, não vê cor, não vê sexo e não vê gênero”, disse, em entrevista ao Notícia Preta.

De acordo com o organizador do evento Marcos André, a festa de Iemanjá já acontece há quase 70 anos. Segundo ele, a festa na praia começou com Tata Tancredo, porém a organização do Revellion tirou as religiões de matriz africana da festa. Mas Marcos avisa que estão de volta.

“Trouxemos os afoxés de Ogans, os quilombos do café, os barracões de candomblé e de umbanda de volta para a festa”, exclamou.

Festa de Iemanjá no Arpoador, no Rio de Janeiro /Foto: Andre Melo – Notícia Preta

Ano passado, na volta do evento ao Arpoador, a festa recebeu 5 mil pessoas. Este ano além de uma multidão de religiosos e fiéis, a festa contou com a presença de Bangbala, o Ogan mais velho do Brasil, nascido na Bahia em 1919, que segue firme e forte.

Marco também ressaltou a importância da retomada do espaço. “São 120 artistas negros, de jongo, de afoxé, diversas casas centenárias de umbanda e candomblé no calçadão da Vieira Souto ocupando esse espaço e mostrando a matriz africana”, disse.

Entre os presentes, estavam a mãe de santo, Alice e o Ogan Lucas. Mãe e filho que participam sempre da festa de Iemanjá. “Vim pedir paz, Iemanjá é dona das cabeças. Vim pedir para ela acalmar a cabeça desse povo! Precisamos parar com esses conflitos!”, disse Alice.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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