UNEB entra na luta contra a violência de gênero

16diasdeativismo-uneb-bahia.jpg

Evento debate a violência de gênero na Bahia

A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) está promovendo ações junto a campanha “16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra mulher”. Iniciada em 1991 pelo Instituto de Liderança Global das Mulheres, as ações desenvolvidas visam a mobilização de indivíduos e organizações, discussão e encaminhamentos de estratégias de combate as violências de gênero, raça e outras interseccionalidades, buscando a eliminação da violência contra mulher. Hoje 66% das vítimas de homicídios contra mulheres são negras segundo o Atlas da Violência 2019.

Este ano a UNEB por meio da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas (Proaf) e do Centro de Estudos em Gênero, Raça /Etnia e Sexualidades (Cegres/Diadorim) realizam 14º edição da campanha. Promovendo discussões direcionadas pelos eixos de diversidade racial, étnica, gênero, sexualidade e classe. A programação iniciada no dia 25 de novembro conta com mais de vinte atividades distribuídas entre os diversos campos da universidade, no interior e na capital Salvador.

A articuladora da Liga Brasileira de Lésbicas e Pró-reitora da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas (PROAF-UNEB) e cientista social, Amélia Maraux, destaca os objetivos e importância da campanha. Com o lema “somos da educação e não toleramos violência”, as organizadoras acreditam que
através da educação um dispositivo de combate o patriarcalismo, misógina e machista que tem por resultado múltiplas violências sobre corpos de mulheres.

“A educação é um meio para mudança de mentalidade, é através dela, desse caminho que podemos romper com os ideais e padrões racistas estabelecidos e que vigoram socialmente. Precisamos combater esse modelo conservador, bancário que vem moldando a sociedade. E visar uma formação emancipatória, que garanta a diversidade, pluralidade e diferenças, como pensou as autoras feministas, o Paulo Freire e todos os movimentos sociais. (…) nós mulheres estamos morrendo, e temos com romper com o modelo de socialização que nega as diferenças, e é um trabalho que tem a educação como um dos maiores facilitadores para ruptura desse quadro”, afirma Amélia.

Outro ponto destacado é o fortalecimento dos programas de inclusão e políticas de permanência dos grupos “minoritários” no espaço acadêmico e consequentemente na sociedade. A universidade tem papel indispensável na formação, combate e discussão das pautas sociais e reconhecimento destes até mesmo no seu interior.

Evento debate a violência de gênero na Bahia

Para Thayana Victória, 20, estudante de medicina do campus I – Salvador a atividade representa uma forma de luta e conscientização. “A campanha 16 dias de ativismo pela violência contra a mulher é de suma importância pra gente que ainda vive nessa sociedade doentia que não conseguiu desvincular a ideia do machismo como algo negativo e que rotineiramente reafirma a ideia da mulher enquanto propriedade do homem e inferior a este, até mesmo intelectualmente. O que se agrava numa escala imensurável quando falamos da mulher negra. Por isso, pra mim, estar protagonizando essa campanha junto a outras mulheres negras é mostrar que estamos aqui, lutando pelo fim da violência psíquica, intelectual, patrimonial, laboral, econômica e física contra as mulheres. Contra as mulheres que não são ouvidas, que não encontram redes de apoio, que encontram julgamentos onde deveriam ter colo”, afirma a estudante de medicina.

Thayana Victória também abordou a necessidade de promover a conversa em diferentes espaços e com todos que nele estão. “Essa campanha representa que também estamos aqui, no ambiente acadêmico, e vamos rechaçar a violência nesse meio. Vamos rechaçar “piadinhas” de professor pra aluna, de colega pra aluna, abuso físico e sexual dentro da universidade, violência psíquica com mães dentro da universidade e todas as artimanhas que a sociedade usa pra nos desunir e nos calar. E vamos levar isso para as nossas do mesmo jeito que nós, mulheres negras, fazemos secularmente. Dentre os encaminhamentos e resultados esperados esta destaca: “combater a violência contra a mulher nas nossas salas de aula; a violência institucional nos ambientes de trabalho dentro da universidade, com as “tias da limpeza” por exemplo, que em sua maioria são mulheres negras; perpetuar para as mulheres a importância em reconhecer as formas de violência e onde buscar apoio, e se há esse apoio dentro da universidade, divulgar e fazer chegar até todas, das mais diversas formas”, desabafou a aluna.

As atividades se encerram no dia 10/12, Dia Internacional dos Direitos Humanos, e conta ainda com atividades como “Encontro das Artes: resistências femininas na Literatura” escrita por mulheres negras, Exposição Lélia Gonzáles – Roda de conversa Pensamento de mulheres negras com Cláudia Póns Cardoso, distribuídas pelos campis da universidade. A programação completa pode ser acessada abaixo ou no Portal da Universidade do Estado da Bahia.

Serviço:
Gratuito e aberto para a comunidade.
Local: Campus da UNEB distribuídos pelo Estado da Bahia.
Informações: Proaf – tel: (71) 3406-4608.

Deixe uma resposta

scroll to top