O racismo ambiental é um fenômeno em que comunidades de minorias étnicas e raciais são desproporcionalmente expostas a riscos ambientais, incluindo poluição do ar e da água, falta de acesso a recursos naturais e ambientes insalubres.
Esse problema também se manifesta nas habitações em áreas de risco, em que pessoas de baixa renda e minorias raciais são mais suscetíveis a viver em condições precárias e insalubres. Um exemplo disso é o caso das favelas e comunidades carentes em áreas de risco, que muitas vezes são construídas em encostas íngremes e instáveis, sujeitas a deslizamentos de terra, enchentes e outros desastres naturais.
A falta de políticas públicas para atender as demandas da população negra e periférica que vivem em áreas de risco ambiental – como nos locais atingidos por deslizamentos de terra no litoral Norte de São Paulo – é uma opção das administrações públicas e demonstra racismo ambiental. A avaliação é de especialistas de organizações da sociedade civil, como o Greenpeace.
“[O racismo ambiental] está muito ligado à segregação e exclusão em relação ao direito de ter o meio ambiente de determinada região equilibrado. A gente observa a escolha política, o critério para definir locais que vão ter políticas públicas. E elas não conseguem chegar sempre à população dos morros, negra e periférica”, afirma Rodrigo Jesus, da Campanha Clima e Justiça, do Greenpeace.
A tragédia no litoral paulista é um efeito direto da emergência climática que atinge todo o planeta com consequências que impactam a população de forma desigual. Como pode ser constatado no perfil das vítimas das chuvas dos dias 18 e 19 deste mês, é nas periferias que enchentes e deslizamentos ameaçam a vida das pessoas. Nesses locais periféricos, a maioria da população é negra.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, fez uma postagem que vai no centro dessa questão e na qual defendeu que as chuvas não são a causa dos deslizamentos, mas a falta de opções de moradia para parte da população. “A ação das chuvas e o deslizamento de terras no Norte de São Paulo também são responsabilidade das nossas decisões e omissões em relação ao meio ambiente”, comentou.
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Na última sexta-feira (24), a ministra anunciou a participação de uma reunião com os ministros Márcio França, dos Portos e Aeroportos, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, para ouvir as demandas de prefeitos da Baixada Paulista e Vale da Ribeira em razão das chuvas que atingiram a região no carnaval.
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