Em Belo Horizonte, andar de metrô vai ficar mais caro a partir do dia 17 de abril. O reajuste, que estava previsto para este sábado (20), foi adiado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A passagem vai continuar a custar R$ 4,25.
O reajuste cumpre uma determinação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que em decreto determinou o aumento de 4,25 para R$ 4,50.
Enquanto isso, o aumento da taxa de pessoas em situação de pobreza e vulnerabilidade, agravada com a crise sanitária da pandemia, chama a atenção. Na capital mineira não é diferente, onde o custo de vida aumentou, segundo aponta estudo da Ipead/UFMG, mas o crescimento médio nos gastos foi desigual. Para quem recebe até cinco salários mínimos, a alta foi de 1%, quase o dobro em relação às pessoas que ganham até 40 salários (0,64%).
Para Luis Flávio Sapori, professor universitário de Ciências Sociais, a medida vai afetar diretamente a qualidade de vida dos trabalhadores de BH e Região Metropolitana (RMBH), no momento em que a miséria e o desemprego crescem. “A situação é de queda da renda média do trabalhador, alta no preço dos produtos, na passagem, em um cenário preocupante. É um elemento a mais no empobrecimento da população”, destaca.
A mudança é a sétima em menos de dois anos. Em março de 2019 o bilhete custava R$ 1,80 e, dois anos depois, o preço do bilhete atingiu mais que o dobro.
REFLEXO
O uso e a prestação dos serviços de transporte público no Brasil são afetados por razões da tarifa, por exemplo, mas as questões raciais também são obstáculos. Seja em BH ou em diferentes cidades do país, as usuárias e usuários de metrô, em sua maioria negras (os), passam por problemas como precariedade, superlotação e alto preço.
Segundo Luis Flávio, a questão é ainda maior e reflete problemas em nossa sociedade, a partir do momento em que a população negra acaba sendo a mais afetada por pertencer a classes mais baixas.
“Esse movimento reforça a desigualdade social e racial que estão muito ligadas no nosso país e acaba alimentando o racismo estrutural, um aspecto negativo da sociedade brasileira. Também, gera um ciclo vicioso em que todas essas questões se juntam e formam um desafio maior para as e os que precisam de serviços públicos como o metrô”, argumenta ele.
Além de Belo Horizonte, os metrôs das cidades de Recife, Natal, Maceió e João Pessoa também sofrerão reajustes.