Na madrugada desta quarta-feira (11), as polícias Civil e Militar, junto com a Guarda Civil Metropolitana e funcionários da Prefeitura de São Paulo realizaram uma operação para combater o tráfico de drogas na praça Princesa Isabel, no Centro de São Paulo, apontado como “nova cracolândia”.
A invasão policial contou com 650 agentes, para cumprir 36 mandados de prisão e retirar da região as barracas de dependentes químicos. Segundo informações de testemunhas, a ação não contou com acompanhamento social por parte da prefeitura. Segundo a assistente Social, especialista em Instrumentalidade, Instrumentos e Técnicas na Intervenção Profissional, Viviana Sousa, a presença de um profissional social na operação é importante para apresentar à sociedade um planejamento mínimo para aquela ação. “A presença desse profissional identifica que a uma estratégia planejada e pensada no usuário, é evidente que não foi realizada assim. O uso abusivo e a dependência de álcool e outras drogas são problemas complexos e de Saúde Pública”, comenta.
“Essa temática vem à tona na atualidade atravessada por aspectos psicológicos, políticos, sociais e econômicos e a presença do profissional que entenda desse tema e os dilemas que o cercam é essencial, pois, a intervenção é feita com a pessoa e com o seu meio social, atuando no cerne da compreensão do uso abusivo de álcool e outras drogas”, completa.
Viviana, em entrevista ao Notícia Preta, falou também sobre as tentativas do Estado de acabar com a chamada “cracolândia”. “O Estado traz uma prática repressora e higienista. Não trazendo uma preocupação com quem está na ponta, pessoas que de fato necessitam das políticas públicas e seu acesso é negado, além do preconceito por parte da sociedade. O contexto histórico brasileiro é marcado por desigualdades sociais
e as estratégias e o entendimento pela questão social por parte do Estado é limitado e não interessante para quem o governa”. explica.
Para a profissional, é necessário serem realizadas políticas públicas eficazes e efetivas para essas pessoas que são desassistidas pelo governo. “É extremamente necessária a adoção de políticas públicas de enfrentamento às drogas, focando em redução das desigualdades e na diminuição exclusão
social em que esse grupo se encontra inserido, atuando na ampliação de oportunidades e perspectivas de mudança daquela realidade em prol da dignidade humana”, afirma.
“O que se vê atualmente são cortes nos gastos governamentais, automaticamente na diminuição na realização e da efetividade das Políticas Públicas, além da privatização dessas políticas. Todos são atingidos pelas consequências do uso abusivo e a dependência de álcool e outras drogas. Mas, apenas um grupo é penalizado e criminalizado, inclusive na precariedade da assistência pública e com a
resposta repressiva com a finalidade de solucionar o problema”, conclui.
A operação foi realizada até às 9h30, prendeu 20 pessoas e também enviou policiais para a Praça Júlio Prestes, antiga Cracolândia, para impedir a volta dos usuários ao local, que em março deste ano foi esvaziado. Esta é a sexta vez que a prefeitura realiza a operação no local.
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O NP entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de São Paulo com vários questionamentos, inclusive sobre a falta de profissionais da área assistencial na ação, mas até o fechamento desta matéria, não havia respondido. Deixamos o espaço aberto para o posicionamento do órgão.
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