Fonte: AFP
A Justiça francesa condenou a revista semanal ultraconservadora Valeurs Actuelles, nesta quarta-feira (29), por injúrias públicas de caráter racista, após publicar, em 2020, uma charge da deputada negra de esquerda Danièle Obono como escrava.
“O caráter divisivo de uma figura política não pode justificar as injúrias racistas, já que a gravidade deste ato, que afeta a própria essência da pessoa, é desproporcional”afirmou o tribunal de Paris em sua decisão
Intitulada “Obono, a africana” e apresentada como um relato de “ficção política”, o artigo de sete páginas conta como a deputada francesa, nascida no Gabão, vivencia – nas palavras da revista – “a responsabilidade dos africanos nos horrores da escravidão” no século XVIII.
Acompanhada de uma ilustração da política com uma corrente de ferro no pescoço, o texto coloca Danièle em uma aldeia da África, onde é vendida como escrava para um notável árabe. Em seguida, é comprada por um religioso francês, que a leva para a França.
O diretor da Valeurs Actuelles, Erik Monjalous, o editor-chefe, Geoffroy Lejeune, e o autor do texto, Laurent Jullien, foram condenados a pagar uma multa de 1.500 euros (1.750 dólares) cada um e a indenizar Obono em 5.000 euros (5.800 dólares) por danos e prejuízos.
“A justiça foi feita. Os racistas foram condenados”, reagiu Obono no Twitter.
A publicação em agosto de 2020 gerou uma onda de indignação entre a classe política francesa. O presidente Emmanuel Macron telefonou para a parlamentar para expressar sua “clara condenação de qualquer forma de racismo”.