*Por Marina Lopes
Se perceber culturalmente falando não é tarefa fácil no Brasil. Durante o processo de invasão do país em 1500, houve um apagamento cultural dos povos originários e dos negros escravizados. Tal apagamento se reflete nos dias atuais quando pessoas negras não tem nem ideia de sua ancestralidade, de que país seus descendentes vieram, de como eles viviam. Ou quando vemos povos indígenas sendo dizimados diariamente e tendo seus costumes menosprezados.
A população brasileira está imersa num olhar eurocentrado que não condiz com o país latino-americano a qual pertence. E esse olhar se expande nas mais diversas áreas. Quando olhamos para nossa educação de base e acadêmica, temos como referências: estudiosos e teóricos europeus/brancos. Quando ligamos a Tv, o padrão também é branco. Durante nossa história, toda cultura negra e indígena também foi embranquecida para ser aceita.
Como então fazer um movimento contra esse apagamento? Como ter consciência e retomar referências que sempre deveriam ter sido nossas? Essa retomada, parte de um processo muito longo porque todos crescemos e nos desenvolvemos em uma cultura embranquecida, e por isso nem todos percebem o impacto da perda de suas identidades. E se não percebem não tem como retomar.
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Por isso, acredito que nesse cenário, é importante que estudiosos da área, acadêmicos ou qualquer pessoa que já tenha tomado consciência desse apagamento, busquem abrir os olhos de quem não tem essa percepção. É devolver conhecimento para a sociedade através de eventos, debates, bate-papos diários. É buscar autores negros, indígenas ou latino-americanos de forma geral e aplicar no dia-a-dia das escolas. E entender que o processo de retomada de olhar para si, vai ser lento, muitas vezes dolorido, mas extremamente importante para identidade dos povos, principalmente o brasileiro.
Excelente, excelente, excelente, muito excelente o artigo escrito pela jornalista Marina Lopes, o que nos fomenta a uma profunda reflexão sobre, nesse exato sentido, existência das etnias indígena e negra, ainda mais, em um país latino-americano. O tarefa de Educação, sobre a nossa ancestralidade, tem e deve ser diário. Principalmente, em um país que jamais valorizou a educação acadêmica.