Representatividade. Pode parecer pouco para quem sempre esteve representado, mas pode significar a virada de chave de quem nunca se viu retratado nos espaços, ainda mais para pessoas negras. E se o impacto em adultos pode ser transformador, em crianças os resultados podem ser decisivos. “Ter representatividade na infância, para pessoas negras, é essencial para que possamos vislumbrar diversas possibilidades e caminhos ”.
É o que diz a psicóloga Letícia Alvarenga, que faz atendimentos focados na população negra. Segundo ela, a primeira infância de uma criança é um momento muito delicado, e para crianças negras que desde cedo se deparam com o racismo, ter essas referências positivas desperta a esperança nos pequenos.
“Crianças aprendem muito pela observação e muitas vezes as subestimamos e deixamos que cresçam com uma perspectiva negativa sobre si mesmas ou sobre o mundo. Então acontece o oposto quando a criança negra tem a oportunidade de acessar representatividade positiva”, diz a especialista.
Por isso a representatividade transforma, rompe com um ciclo de invisibilidade e violência que em um primeiro momento pode parecer silenciosa, mas que diz muito. E para reverter essa narrativa, a presença. A presença de personagens negros nos filmes e nos desenhos, nos livros, nas bonecas e brinquedos, e nos produtos que elas consomem.
Representatividade é se enxergar em uma embalagem, no single de uma campanha, e até no personagem do comercial. A psicóloga destaca que essa missão que a linha ‘Blackinho Poderoso’ da JOHNSON ‘S ® assumiu, é um diferencial para crianças negras. “Um projeto todo pensado para crianças pretas e suas especificidades tem um impacto muito positivo, pois os fazem crescer sem essa sensação de que não se encaixam neste mundo”.
E dessa forma os produtos apresentam um potencial de transformação que ultrapassa o tratamento dos fios que ele promete.
“Quando toda uma campanha é pensada para crianças negras e também conta com a participação ativa de pessoas negras em consultoria, desenvolvimento, propaganda, enfim, quando esse cuidado existe em todas as etapas do processo, os resultados são excelentes pois as crianças se sentem representadas e contempladas, e entendem que não são elas que precisam se adequar a padrões, mas que tem todo o direito de reivindicar serviços e produtos que atendam suas necessidades”, explica a psicóloga.
Então sim, a representatividade importa. E importa muito. E seu efeito é imediato e ao mesmo tempo prolongado. “A representatividade positiva ajuda no desenvolvimento de uma autoestima saudável e uma auto imagem adequada o que faz com que as crianças cresçam mais confiantes e emocionalmente saudáveis”.