Relatório de Comissão Especial de Combate ao Racismo no Rio, alerta para urgência em aplicar políticas de igualdade racial na cidade

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A entrega do relatório completo aconteceu durante uma reunião entre o presidente da Câmara dos vereadores, Carlo Caiado, Clátia Vieira e movimentos da sociedade civil

A Comissão Especial de Combate ao Racismo da Câmara Municipal do Rio, presidida pela vereadora Monica Cunha, entregou na última semana, um relatório sobre os dados colhidos desde a sua criação, em maio deste ano, para o prefeito Eduardo Paes. O documento qualificado tem análises sobre a responsabilidade do poder público municipal na promoção da equidade racial na cidade.

O presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado, também recebeu o relatório. A temática racial foi estudada pelo grupo em três eixos principais, são eles: educação, saúde e cultura/patrimônio cultural. Uma das conclusões do grupo é que a falta de infraestrutura e a falha na implementação desses eixos, afetam principalmente os moradores das favelas e comunidades no município.

O relatório foi desenvolvido ao longo de 2023 /Foto: Pexels

Apesar de representar 56%, a população negra continua sendo o grupo mais vulnerável, marginalizado e excluído do acesso à saúde, mesmo que a Constituição garanta este acesso. 

EDUCAÇÃO

Em análise, a Comissão identificou que diversas leis que estão em vigência não estão sendo cumpridas pela prefeitura do Rio, como à implementação da Lei 10639/2003 que estabelece a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” dentro das disciplinas que já fazem parte das grades curriculares. Uma das recomendações sugeridas pelo grupo é que seja criada uma área específica voltada ao atendimento e enfrentamento dos efeitos do Racismo dentro das escolas públicas e privadas da cidade do Rio de Janeiro, no âmbito da Gerência de Relações Étnico-raciais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (GERER); 

SAÚDE

A comissão destacou que a iniquidade em saúde é revelada pelas maiores taxas de morbidade e mortalidade de crianças, jovens, mulheres e homens negras, principalmente na taxa de mortalidade materna.

O Comitê Técnico de Saúde da População Negra do Município do Rio de Janeiro fez diversas reuniões para que a Lei 7749/22 — Leonora Mendes Louro que estabelece as diretrizes de implementação do Programa Municipal de Saúde Integral da População Negra seja implementada. Além disso, foi recomendado a Criação de Programa de Cuidado e Atenção à Saúde Mental de moradores das favelas e periferias que sofrem com as operações policiais, em especial os familiares de vítimas da violência do Estado.

CULTURA

Na área da cultura o grupo entendeu que ainda falta compreensão do poder público do papel de cada estrutura socioeconômica e política na reprodução do racismo para elaborar estratégias efetivas e eficazes para promoção da cultura afro-brasileira. 

Também foi constatado a falta de editais e infraestrutura que estimulem a continuidade de expressões culturais afro-brasileiras, que geram renda, segurança e cultura para diversos pontos da cidade. 

O relatório incluí diversas recomendações e apontamentos para a melhoria de vida da população negra, que representa mais da metade dos moradores da cidade fluminense. Ao todo foram mais de 80 recomendações.

A comissão, que tem duração de um ano (por ser especial), é a primeira do parlamento carioca que teve como objetivo analisar, identificar e propor recomendações ao gestor do município diretrizes para solucionar essas questões. A presidente da Comissão, vereadora Monica Cunha, explicou a importância de existir essa comissão na Câmara dos vereadores: 

É o nosso papel fiscalizar a atuação do Executivo e garantir que os direitos de todos os cidadãos sejam respeitados e garantidos. Se está na Lei, por que não está sendo cumprido? Esse relatório vai permear os nossos próximos passos, que será articular com os secretários municipais e principalmente com o prefeito para que essas recomendações sejam implementadas”, afirmou a vereadora.

Confira o documento completo aqui.

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